A Comissão Executiva Nacional do PT emitiu nota, nesta quinta-feira, sobre a morte de Antônio Carlos Rodrigues Furtado, 61 anos. Militante de esquerda, filiado ao partido desde fevereiro deste ano, ele morreu após ser agredido em Balneário Camboriú no fim da tarde de quarta (27). À Polícia Militar, o agressor disse que a motivação para o ataque foi política.
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"Antônio Carlos foi agredido a socos e pontapés, mesmo depois de cair ao chão e implorar que F. S. parasse de bater, segundo depoimento de testemunhas à Polícia Militar. O bolsonarista, de porte atlético, gritava ofensas contra o idoso e contra a esquerda enquanto espancava sua vítima.
O nome disso é barbárie; o sobrenome, fascismo" – afirma a nota.
Candidato à presidência da República no ano passado pelo Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad comentou o caso no twitter. A deputada federal Benedita da Silva (PT) também usou as redes sociais para lamentar a morte do militante e pedir justiça.
Para polícia, dívida motivou agressão
O delegado Aderlan Camargo, responsável pelo caso, afastou a hipótese de crime por motivação política. Afirmou que testemunhas ouvidas na delegacia disseram que a discussão teria sido motivada "por uma dívida", mas não entrou em detalhes.
Segundo ele, o agressor teria apresentado versões conflitantes à PM. O homem, de 44 anos, se negou a prestar depoimento à Polícia Civil – permaneceu em silêncio.
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Os policiais militares que atenderam a ocorrência não quiseram falar sobre o caso. O subcomandante do 12ºBatalhão, major Jefferson Sebastião Vieira, confirmou que o agressor falou em motivação política ao ser preso, mas não descartou a hipótese da dívida. Disse que caberá ao inquérito da Polícia Civil esclarecer o caso.
O PDT, partido ao qual Furtado foi filiado durante muitos anos em Balneário Camboriú, designou o advogado Alex Casado para acompanhar as investigações. Ele disse que não havia dívida entre a vítima e o agressor, e afirmou estar convicto de que o crime teve conotação política.
Leia a nota do Partido dos Trabalhadores:
"Antônio Carlos Rodrigues Furtado, de 61 anos, morreu de parada cardíaca, após ser espancado, quarta-feira (27), por F.L.S. (*), de 44 anos, em Balneário Camboriú (SC).
Não foi um crime qualquer, dentre tantos nas cidades brasileiras. Ocorreu à luz do dia, numa avenida movimentada. A vítima era um conhecido militante do PT. O assassino, um bolsonarista declarado. O motivo torpe: intolerância política.
Antônio Carlos foi agredido a socos e pontapés, mesmo depois de cair ao chão e implorar que F. parasse de bater, segundo depoimento de testemunhas à Polícia Militar. O bolsonarista, de porte atlético, gritava ofensas contra o idoso e contra a esquerda enquanto espancava sua vítima.
O nome disso é barbárie; o sobrenome, fascismo.
O ódio e a violência do criminoso de Camboriú moveram o assassino de Moa do Katendê, em Salvador, em 2018.
Ódio e violência estimulados pela impunidade dos assassinos de Marielle e Anderson, no Rio; do sindicalista Carlos Cabral Pereira em Rio Maria (PA); do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, em Bom Jesus da Serra (MA).
Ódio e violência que se voltam contra quem se levanta em defesa da liberdade, da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos oprimidos numa sociedade predominantemente machista, racista, intolerante.
Ódio e violência disseminados com método nas redes sociais, em escala industrial, por agentes do governo de extrema-direita, seus líderes, ideólogos e propagandistas, pelo núcleo familiar do próprio chefe do governo.
Disseminados e estimulados pelo discurso de um governante incapaz de conviver com a diversidade, a liberdade de pensamento e manifestação, com a própria democracia. Que se relaciona com milicianos, defende torturadores e já ameaçou metralhar os adversários.
Ódio e intolerância colocados em prática, todos os dias, por um governo que libera a posse e porte de armas indiscriminadamente, que lança as Forças Armadas contra manifestações pacíficas, persegue os artistas e criminaliza a Universidade.
Não faltam exemplos na história da humanidade para alertar sobre os riscos que estamos correndo. Os alvos já foram os judeus, os protestantes, os estrangeiros, os negros, os comunistas. A vítima sempre foi a liberdade.
A intolerância política, em suas mais diversas formas, alimenta-se do silêncio e da omissão da sociedade quando não nos reconhecemos em cada vítima de seus crimes.
Não podemos nos calar, ou não teremos mais voz.
O Partido dos Trabalhadores está solidário aos familiares e amigos do companheiro Antônio Carlos Furtado.
O PT exige que a lei seja aplicada com rigor contra o assassino de Antônio Carlos e os autores de todos os crimes políticos que vêm ocorrendo sob o governo de extrema-direita.
O PT conclama brasileiros e brasileiras, de todos os partidos, credos e origens, a denunciar e reagir aos ataques contra a liberdade, a democracia e a civilização.
Não à intolerância, ao ódio, à violência, à barbárie.
O Brasil quer paz, justiça e democracia".
* A nota cita o nome do homem preso pela agressão. A coluna optou por divulgar apenas as iniciais enquanto aguarda contato com a defesa dele, para divulgar sua versão.
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