A compra de apartamento na Rua 2300, no Centro de Balneário Camboriú, é uma das provas que aparecem no processo que levou o ex-governador do Paraná, Beto Richa, de volta à prisão nesta sexta-feira. O apartamento é apontado, na investigação do Ministério Público, como parte de uma operação de “lavagem da propina” supostamente paga, em dinheiro vivo, por empresas concessionárias de pedágio no Paraná.

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No início da manhã havia suspeita, inclusive, de que o mandado de prisão preventiva do ex-governador tivesse sido cumprido pela Polícia Federal em Balneário Camboriú _ o que não se confirmou. Ele foi detido em casa, em Curitiba (PR).

O apartamento na praia, supostamente negociado pelo contador de confiança do ex-governador, Dirceu Pupo Ferreira, é um dos três imóveis citados pelo MP como provas das supostas propinas pagas pelas concessionárias das estradas paranaenses. O apartamento está em nome de uma empresa.

Duas prisões em quatro meses

Esta é a segunda vez que Richa é detido em quatro meses. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba, que também determinou a prisão de Dirceu Pupo Ferreira.

O pedido foi feito pelo MPF no âmbito da Operação Integração, da Lava-Jato, que investiga um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias federais no Estado do Paraná que fazem parte do "Anel da Integração".

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São apurados pagamentos de propinas para agentes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná e da Casa Civil do governo do Estado do Paraná.

Lava-Jato

A Operação Integração foi a primeira fase da Lava-Jato em 2018. Por ordens do então juiz federal Sérgio Moro, a PF prendeu o diretor-geral do DER, Nelson Leal Júnior, e o diretor-presidente da Econorte, Helio Ogama.

Richa já havia sido preso em setembro do ano passado, mas foi solto três dias depois por determinação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pupo foi investigado por promotores do Gaeco em setembro de 2018 por suspeitas de tentar atrapalhar as investigações que levaram Richa à prisão naquela ocasião.

Ao G1, a defesa de Beto Richa emitiu nota em que afirma que a prisão afronta decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e se baseia em "fatos requentados". O advogado de Dirceu Pupo Ferreira não foi localizado.

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Confira nota de Richa na íntegra:

1-Os fatos que conduziram à prisão do ex-Governador são antigos. Sobre eles, todos os esclarecimentos foram por ele devidamente esclarecidos, não restando qualquer dúvida quanto à regularidade de todas as condutas praticadas, no exercício de suas funções.

2-Mais do que isso. Os fatos ora invocados já foram anteriormente utilizados, na decretação das medidas cautelares expedidas contra o ex-Governador. Cumpre registrar que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar referidas medidas, reconheceu a flagrante ilegalidade na ordem prisão decretada.

3-Na realidade, a prisão requerida pelo Ministério Público Federal afronta o quanto decidido pelo Supremo Tribunal Federal, com o evidente objetivo de desrespeitar os julgamentos proferidos pela Suprema Corte, sobre o tema.

4-No mais, o pedido se lastreia em ilações do MPF, exclusivamente suportadas em falsas e inverídicas informações prestadas em sede de colaboração premiada, por criminosos confessos.

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5-Em síntese, a prisão se baseia em fatos absolutamente requentados, carentes de qualquer comprovação e sobre os quais o Supremo Tribunal Federal já decidiu, no sentido de que os mesmos não justificam a decretação de prisão.

6-A defesa confia que o Poder Judiciário reverterá a ordem de prisão, que não atende a qualquer dos pressupostos exigidos em lei.