Quase dois anos depois de ter vivido a tragédia de Saudades, Santa Catarina está novamente em luto. A dor intangível que toma conta das quatro famílias que perderam seus filhos no ataque covarde a uma creche em Blumenau, neste semana, reabre uma ferida que jamais cicatrizou e levanta, novamente, uma série de perguntas sem resposta.
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O horror do massacre é tamanho, e tão desestabilizador, que as soluções aparecem de todos os lugares. É provável que nem todas tenham resultado efetivo. Neste primeiro momento, fala-se em mais monitoramento. Discutem-se políticas repressivas. Aumentam os investimentos em policiamento ao redor das escolas. São as respostas imediatas ao horror.
O assunto pautou a Assembleia Legislativa ainda na tarde de quarta-feira, horas após o ataque. Pautou também a reunião interministerial do grupo formado pelo governo federal para debater soluções para o avanço dos ataques em ambiente escolar no país.
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Mas os especialistas alertam que as ações ainda estão excessivamente ligadas à repressão, e pouco atentas às políticas de prevenção. É preciso ir além do senso comum, o que tem se mostrado uma tarefa complexa em todo o mundo.
Um dos focos principais, segundo o próprio delegado geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, é o investimento em ações de cybersegurança. O monitoramento das redes onde são compartilhadas informações e estímulos a ataques monstruosos como os que ocorreram em Santa Catarina é um dos pontos fundamentais para interceptar o risco de ataques.
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Outro, mais complexo de ser executado, é a regulação das redes. O extremismo retirou do subterrâneo da internet e trouxe para a superfície os grupos onde se reúnem os potenciais causadores de tragédias, que hoje, na avaliação dos pesquisadores, encontram poucos freios para a disseminação de mensagens perigosas.
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Por fim, é necessário reconhecer que estamos em uma sociedade adoecida. Há uma epidemia de doenças mentais, agravada pelo isolamento, voluntário ou não. Perdemos pelo caminho alguns valores de convivência, e alimentamos outro modo de vida que dá espaço ao ódio e aos extremismos. Só a investigação poderá esclarecer o “gatilho” do mais recente horror vivido em SC. Mas todas essas questões precisam ser debatidas para que ele nunca mais se repita.
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