Liderar os rankings nacionais de vacinação foi um orgulho para Santa Catarina por muito tempo, além de um fator determinante para números reduzidos de mortes em relação ao restante do país, e para um melhor funcionamento do sistema de saúde. Mas a epidemia de desinformação que veio a reboque da pandemia de Covid-19 afetou de forma desastrosa a adesão às vacinas.

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Na década de 40, a mortalidade de meninos e meninas com até cinco anos no Brasil chegou a 212 para cada mil – 10 vezes mais que o restante da população. O Plano Nacional de Imunização, de 1973, foi uma resposta a esses números assombrosos. Segundo dados do Instituto Butantã, em 10 anos a mortalidade já havia reduzido em 50%.

É fato que a vacinação das crianças protege a elas diretamente, que são um grupo mais exposto a complicações de doenças virais como a Covid-19, e também ajuda a reduzir a circulação de vírus entre outras populações vulneráveis, como os idosos. Perigosa como um vírus, a desinformação põe tudo isso em risco.

Vacina contra a Covid-19 pode ou não ser exigida na matrícula das escolas?

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A hesitação vacinal não atinge somente a vacina contra a Covid: caíram os índices de vacinação contra doenças como a poliomielite, que estava erradicada no Brasil e corre o risco de voltar.

A responsabilidade das autoridades é trazer informações corretas e resgatar a confiança nas vacinas. Ao invés disso, prefeitos de Santa Catarina – e o próprio governo do Estado – reforçam a rejeição à vacina ao “desobrigar” crianças e adolescentes de se vacinarem para frequentar a escola.

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Vacina obrigatória não é vacina coercitiva. Nenhum agente de saúde entrará na casa de uma criança não vacinada e fará a imunização à força. Pelo contrário: exigir a comprovação da vacina no ato da matrícula é uma maneira de abordar diretamente os pais que não imunizaram seus filhos, e convencê-los da importância da vacinação. Não se trata de “afrontar a liberdade pessoal”, mas de uma medida eficaz de saúde pública coletiva.

Alimentar falácias contra a vacina virou arma para políticos que pretendem explorar o medo de pais afetados pela epidemia de desinformação em troca de votos. O Ministério Público já se posicionou pela inconstitucionalidade dos decretos municipais que desobrigam a vacina, contrariando o Plano Nacional de Imunização – mas o estrago está feito. São as autoridades eleitas que estão espalhando a dúvida. A campanha antivax, justamente por parte de quem deveria estimular a imunização, é o que existe de mais vergonhoso – e perigoso – na política.

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