As investigações da Operação Mensageiro sobre um dos prefeitos presos identificaram uma suposta mesada de R$ 50 mil que ele receberia, em tese, do Grupo Serrana, empresa que é pivô do “escândalo do lixo”. A informação consta no despacho da desembargadora Cinthia Schaefer desta quarta-feira (15), em que ela concedeu ao prefeito prisão domiciliar por problemas de saúde. O documento, que está sob sigilo, foi obtido com exclusividade pela coluna.
Continua depois da publicidade
Receba notícias do DC via Telegram
Na decisão, a desembargadora Cinthia Schaefer diz haver “apontamentos indiciários de que o prefeito possa ter recebido milhões de reais em propina do Grupo Serrana nos últimos anos, notadamente uma mesada de R$ 50 mil a ser dividida com seus secretários mais próximos, além de possíveis bônus”.
O documento diz haver indícios de que ele teria alterado o “modus operandi” do suposto recebimento de propinas para driblar as investigações. Essa constatação levou a desembargadora a proibir que o prefeito afastado tenha contato com qualquer um dos investigados na operação.
Prefeito de Lages, Antônio Ceron, irá para prisão domiciliar após ser detido em escândalo do lixo
Por que desembargadora concedeu prisão domiciliar a Ceron, prefeito de Lages
Continua depois da publicidade
“Elementos indiciários dão conta de que mesmo tendo conhecimento de que estava sendo investigado, optou por juntamente com outros investigados a solicitar e receber propina adiantada”.
A desembargadora reforça o apontamento dizendo haver “elementos concretos” de que, ao saber das investigações, “optou, em tese, por não cessar a conduta delitiva e sim mudar o modus operandi dos fatos criminosos apurados, recebendo, em tese, propina adiantada para dificultar as investigações e acompanhamento do pagamento das supostas vantagens indevidas”.
Secretários presos na Operação Mensageiro são exonerados em Lages
O despacho destaca ainda que o contrato da Serrana com a prefeitura foi renovado recentemente, com indícios de superfaturamento e pagamento de propina. “Inclusive quando o investigado encontrava-se licenciado, o que elenca seu forte poder político e possível desprezo com as investigações, levando em consideração a realização desses atos inclusive após o início da primeira fase da operação”, diz a desembargadora na decisão.
O advogado Maurício Miguel, que representa o prefeito, informou no fim da tarde desta quarta-feira que a defesa não vai se manifestar.
Continua depois da publicidade
-O processo corre em segredo de Justiça. O prefeito tem 78 anos, vida ilibada e, ao final, provará sua inocência – afirmou, em mensagem à coluna.