A Operação Joias do Oceano, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, tem como principal objetivo estancar a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas investigado em outra operação, a Oceano Branco, feita em 2017. Na época, a quadrilha foi identificada como a suspeita pela movimentação de pelo menos 8 toneladas de cocaína por meio dos portos de Itajaí e Navegantes. O principal destino da droga era a Europa.
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Entre os 32 mandados de busca e apreensão cumpridos nesta terça, um dos alvos foi uma empresa do setor retroportuário – de apoio e armazenagem de cargas -, que era operada pelo grupo. Por ordem da Justiça, máquinas usadas na operação foram bloqueadas.
Para a polícia, era esse braço de negócios que permitia, à quadrilha, que as cargas acessassem os terminais.
Há suspeitas de um dos líderes do grupo, que estava em liberdade condicional e foi preso preventivamente nesta terça, em Balneário Camboriú, continuasse atuando no tráfico internacional.
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— Ainda não é claro o método que era utilizado para embarcar a droga. O que se sabe é que eles adquiriram empresas lícitas, que passaram a fazer parte dessa engrenagem – disse o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina, Gustavo Trevisan.
A Operação Oceano Branco foi deflagrada em conjunto com a Operação Contentor, que também tinha como alvo o tráfico internacional de drogas. Entre os presos, na época, estava um funcionário que atuava no lacre dos contêineres na área arrendada do Porto de Itajaí.

Negócios e armas em Joinville
A polícia não revelou que outros tipos de negócios eram mantidos pelo grupo, que atuava principalmente na região de Joinville. Ela lá, também, que viviam os líderes do grupo. O que foi preso preventivamente nesta terça, em Balneário, vivia em um condomínio exclusivo e de alto luxo na cidade do Norte do Estado.
Durante o cumprimento de mandados, em Joinville, foram encontradas três armas sem registro. Duas pessoas foram presas em flagrante.
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Em 2017, os mandados incluíram revendas de veículos e imobiliárias – de acordo com as investigações, o setor imobiliário era o principal meio de “esquentar” o dinheiro ilegal da venda de drogas.
Os bens sequestrados e bloqueados pela Justiça, incluindo contas bancárias, somam R$ 70 milhões. São imóveis, lanchas, iates, caminhões e carros – entre eles automóveis das marcas Porshe, Lamborghini e Ferrari. Em 2017, um dos veículos sequestrados pela Polícia Federal foi uma Lamborghini Gallardo, avaliada em R$ 1 milhão. O carro estava na garagem de um edifício em Balneário Camboriú. Desta vez, os mandados foram cumpridos em Balneário Camboriú, Barra Velha, São Francisco do Sul, Joinville e Araquari, por ordem da 1ª Vara Federal Criminal de Itajaí.
O delegado Oscar Biffi, chefe da Delegacia da Polícia Federal em Itajaí, explica que todos os bens apreendidos ou bloqueados devem ir a leilão imediato. É uma alternativa para que não haja desvalorização.
– Devem ser leiloados nos próximos meses, e os valores serão depositados em conta judicial. Se eles forem condenados, o montante fica com o Estado – explica.
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Nesse caso, o valor é absorvido pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). Em um ano e meio de investigações, a quantidade de drogas movimentada pelas quadrilhas identificadas nas operações Oceano Branco e Contentor, que foi deflagrada simultaneamente, em Joinville, soma R$ 1,2 bilhão.