O impasse que envolve a instalação de um hospital de campanha em Itajaí, pela Defesa Civil estadual, expôs uma velha conhecida rachadura na base do governo: a estremecida relação entre o governador Carlos Moisés da Silva e a vice Daniela Reinerh.

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Na terça-feira (14) à noite, Daniela chegou a retuitar uma publicação da deputada federal Carla Zambelli, que chamou de “golaço” um suposto pedido da vice-governadora para cancelar o processo de contratação do hospital aberto pelo Governo de Santa Catarina.

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Nesta quarta, a publicação sumiu das postagens da vice-governadora, que emitiu uma evasiva nota à imprensa. Nela, diz apenas que mandou um ofício ao governador em que apresenta suas preocupações: “Há grande preocupação com a lisura e transparência do processo, evitando qualquer tipo de suspeição que possa trazer sérias consequências, como a não efetivação do serviço”, informou.

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Na coletiva de imprensa desta quarta à noite, Moisés foi bem mais incisivo. Questionado a respeito, disse lamentar “esse tipo de comentário”, especialmente vindo de “quem tem informação e está dentro do governo”.

O fato é que há uma série de questionamentos circulando sobre o hospital de campanha contratado pela Defesa Civil, que o Estado pode – e deve – esclarecer. Como, por exemplo, os pormenores da contratação, que acaba de ser suspensa pelo Tribunal de Justiça (TJSC). Mas a comparação com o hospital de Goiás – o tal "modelo federal" ao qual se referiu a deputada Carla Zambelli – não é uma delas.

A visita do presidente Jair Bolsonaro ao hospital goiano, no fim de semana, virou combustível para as milícias digitais que se voltaram contra Moisés. Até o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, precisou responder a respeito da comparação entre os dois na última terça-feira, em entrevista coletiva.

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Mandetta esclareceu que não há como comparar os valores porque são contratos muito diferentes. Os R$ 10 milhões de Goiás são para a instalação apenas das barracas e das macas. Sem equipamentos ou profissionais contratados.

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O hospital do edital de Santa Catarina é para ambiente interno, tem apenas envelopamento dos leitos. O custo dessa instalação, segundo o governo de SC, é de R$ 600 mil. Bem menos do que Goiás. Mas o valor que entrou na comparação foi o total, com operação, equipamentos e equipes de trabalho – e que soma R$ 76 milhões.

A guerra de narrativas é um desafio para os governos, especialmente nesta época em que as informações truncadas viajam pelas redes sociais como rastilho de pólvora. A novidade, neste caso, é o fogo amigo. E em artilharia pesada.

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