Apenas 12 horas antes da operação clandestina que escoltou pessoas em situação de rua de Itajaí a Balneário Camboriú, com relatos de espancamento, a Polícia Militar havia recebido denúncia de agressões recorrentes de policiais a pessoas que vivem nas ruas em Itajaí. A representação foi feita pelo Centro de Direitos Humanos da cidade, o CDHI.
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Operação clandestina da PM espanca moradores de rua e os obriga a caminhar até Balneário Camboriú
A advogada Maria Helena Spronello, que fez o relato à Corregedoria, informou que “pessoas em situação de rua estão sendo frequentemente agredidas por policiais militares; que estas vítimas não querem ser identificas por temerem por sua vida”.
A coluna teve acesso aos relatos de testemunhas ouvidas pelo CDHI, que levaram à denúncia. As agressões incluem olho roxo, descolamento de retina, fratura no tornozelo, espancamento com barra de ferro, e ameaças de morte.
Em um dos casos, um homem conta que foi acordado, colocado na viatura junto com um homem idoso e os dois foram levados a um local ermo, que a coluna não reproduzirá para que as testemunhas não sejam identificadas. “Foi agredido com pauladas e pedradas, sob ameaças de morte. Que no decorrer das agressões os agentes perguntavam se preferia levar um tiro ou ser todo quebrado. “Me bateram, eu tava algemado (está com lesões nos pulsos), era ripada nas pernas, nos pés, pedrada nas costas, dói as costas e a bacia”.
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PM confirma que operação contra moradores de rua em Itajaí foi clandestina
Em outro caso, a testemunha diz: “Me bateram com cassetete, deram coronhada e ameaçaram me matar. Bateram mais nas pernas. Já apanhei da PM antes, mas nunca desse jeito”. O relatório traz uma observação: a pessoa tem uma fratura no tornozelo esquerdo.
Outro relato diz que, “Devido à agressão, houve descolamento de retina, fratura nas costas e hematomas no corpo. “Apanhei muito, deram com o cassetete na cabeça, nas pernas e nas costas. Foi muita botinada nas costas, pensei que ia morrer. Só lembro que tinha uns quatro, mas dois só olhava enquanto eles fazia a sessão”.
O comandante do 1º Batalhão da PM, tenente-coronel Ciro Adriano da Silva, disse que todas as informações que chegam à Corregedoria são averiguadas. Questionado sobre a possibilidade de haver relação entre a denúncia ocorrida horas antes, e a ação truculenta dos policiais, o comandante disse que não há histórico semelhante:
— Somente a apuração dos fatos poderá responder isso, mas temos vários procedimentos em andamento que não vazaram ou geraram qualquer tipo de represália aos denunciantes.
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A Corregedoria começou a ouvir nesta manhã os envolvidos na operação da madrugada. O comando informou que não foi uma ação institucional, ou seja, a operação foi clandestina, sem ordem do comando da Polícia Militar.