O primeiro pensamento que vem à mente quando se fala na consequência do apreço da construção civil pelas alturas vertiginosas em Balneário Camboriú é a sombra que se estende sobre a Praia Central. Mas uma pesquisa inédita no Sul do país, conduzida pelo pós-doutor em Geografia Física, professor Cássio Arthur Wollmann, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, pode indicar que está na área urbana, e não à beira-mar, o principal efeito da verticalização sobre o clima.
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Nos últimos meses, Wollmann levantou informações iniciais que vão embasar um ano de coleta de dados em 21 pontos. O objetivo é mostrar como a verticalização, em um espaço tão diminuto, interfere no clima da cidade.
Abafado
O levantamento inicial indicou que os prédios tornam Balneário Camboriú mais abafada. Logo no início da manhã, às 6h, a diferença entre a temperatura na Avenida Atlântica e na Avenida Brasil, com poucos metros de diferença, chega a 1ºC. Pode parecer pouco, mas os pesquisadores do clima consideram essa uma diferença significativa.
Às 9h, quando o sol começa a incidir com mais força na beira da praia, a temperatura inverte – a Avenida Atlântica passa a ficar mais quente do que a Avenida Brasil. Mas o vento, na beira da praia, torna a sensação térmica mais confortável. A Avenida Brasil está sombreada, mas a falta de circulação do vento faz com que a sensação de abafamento permaneça.
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Inédito
A escolha de Balneário Camboriú para a pesquisa levou em conta as características da cidade. Grandes metrópoles, como Nova York, Tóquio e São Paulo, que também são bastante verticalizadas, já foram alvo de estudos de clima. Mas a situação de Balneário Camboriú é diferente, porque a verticalização se concentra em um espaço limitado. Wollmann avalia que o processo de verticalização da cidade seja o maior em curso no Hemisfério Sul.
Relatório completo
O pesquisador Cássio Wolmann diz que a ideia de avaliar o clima de Balneário Camboriú não é questionar o modelo peculiar de ocupação. “O sombreamento pode ser positivo”, avalia.
A coleta de dados começará, oficialmente, no mês de junho. A pesquisa vai analisar o clima na cidade durante as quatro estações, e trará um panorama completo: temperatura, umidade, poluição e distribuição de chuvas. Também participam do levantamento o pesquisador João Paulo Assis Gobo, da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e Julio Barbosa Chiquetto, doutor em poluição do ar pela Universidade de São Paulo (USP), além de quatro doutorandos e dois estudantes de mestrado.
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