Talvez evitássemos alguns degraus de nossa descida ao fundo do poço da ignorância, do desrespeito e da intolerância se tivéssemos prestado atenção ao sinal que vinha das praias. As caixinhas de som que invadiram as areias ao longo dos últimos verões foram um sintoma do nosso retrocesso civilizatório.
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Explico. De uma hora para outra, muita gente pensou ter recebido carta branca para impor sua playlist ao descanso alheio. É a versão barulhenta da “vontade da maioria” – ou de quem toca mais alto – para as praias. De certa forma, a caixinha de som lembra as hordas barulhentas das redes sociais, que tentam sujeitar os demais à sua visão de mundo.
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Veja bem, não tenho nada contra quem ouve música alta embaixo do guarda-sol. Tenho até amigos que gostam. Ocorre que o hábito se popularizou a tal ponto que, em dias de praia cheia, há uma competição de estilos. São os ditadores da playlist, pequenos-tiranos que decidiram que não ouvirão suas músicas preferidas sozinhos. Azar de quem insistiu em levar um livro para ler na beira do mar.
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Algumas cidades de Santa Catarina têm percebido que as caixinhas mais espantam do que atraem turistas e aprovaram leis ou emitiram decretos para acabar com a barulheira. É o caso de Itapema e Balneário Camboriú, por exemplo, que estabeleceram multa e recolhimento das caixinhas de som. A repressão funciona a curto prazo, mas a questão é que a barulheira se tornou hábito, e isso só se transforma com educação, respeito e civilidade.
Enquanto durar a ditadura das caixas de som, estaremos fadados a ouvir de tudo na praia, menos as ondas. Fones de ouvido cairiam bem.
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