Repercutiu na última semana uma fala do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), criticando Valdemar Costa Neto e a relação do PL com Bolsonaro. O discurso ocorreu em um almoço que reuniu a cúpula do PSD no apartamento de praia de João Rodrigues, em Itapema. Divulgada pelo próprio PSD, com o adendo de que “todos aplaudiram”, a fala é um aperitivo de como será a disputa na raia bolsonarista nas próximas eleições municipais.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
Comandado nacionalmente pelo pragmático Gilberto Kassab, que transformou o partido em uma nova potência ao Centro, o PSD está na base do governo Lula em Brasília – à esquerda. Em São Paulo, integra o governo Tarcísio (Republicanos) – à direita. Localmente, está colado no bolsonarismo – com João Rodrigues como “garoto-propaganda”.
A tentativa de surfar na crise interna do PL mostra que o PSD tentará disputar votos com o PL onde os dois partidos não estiverem alinhados no Estado.
Nas eleições de 2022 ficou claro que, para o eleitor, só existe bolsonarismo no PL. O partido elegeu bancada recorde, e muitos aliados de Bolsonaro que permaneceram em outra legenda ficaram pelo caminho.
Continua depois da publicidade
Eleições municipais são outra realidade. Em geral, a eleição para prefeito é de zeladoria, do posto de saúde, do transporte coletivo, do buraco de rua. Mas o “fator Bolsonaro” também é novo na disputa.
Em 2020, duas situações pontuais atrapalharam uma avaliação mais apurada da performance do bolsonarismo nos municípios. A primeira foi a pandemia, que causou uma epidemia de reeleições entre os prefeitos. Foi uma campanha sem corpo a corpo – e, em período de incertezas, o eleitor preferiu não arriscar mudanças.
A segunda foi o fato de que Bolsonaro, naquele momento, estava sem partido – não havia um “número do Bolsonaro” nas urnas. Agora, o cenário é outro e o PL colou no bolsonarismo seu 22.
Não por acaso o PL, que historicamente não é um partido municipalista, passou a sonhar com o milagre da multiplicação de prefeitos. Tem a meta ousada de chegar a mil prefeituras no Brasil, deixando o MDB e o PP para trás. Em Santa Catarina, a aposta é especialmente alta: o PL quer chegar a 100 prefeitos. Para isso, precisará de Bolsonaro como cabo eleitoral – e é esse o flanco que os adversários tentarão atacar.
Continua depois da publicidade
Leia mais:
Balneário Camboriú faz licitação bilionária para conceder hospital público
STF nega recurso da Fecam para adiar perda de R$ 176 milhões na Educação em SC
Prefeito de Balneário Camboriú processa usuária do Whatsapp por mensagens em grupo