O governo federal anunciou neste domingo o esperado pacote de medidas do BNDES para socorrer empresas que estão, ou estarão em apuros com o avanço da pandemia de coronavírus no país. A reação demorou a ser apresentada, em um cenário em que as principais economias do mundo já se mobilizavam para salvar empregos. E veio com mais aparência do que efeito prático para nos salvar do tsunami que se aproxima.
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No Brasil, a injeção será de R$ 55 bilhões, com expectativa anunciada de preservar 150 mil empresas e assegurar 2 milhões de vagas de trabalho. A lista de medidas não difere muito das adotadas por outros países: suspensão de juros, incentivo ao consumo (com o reforço do FGTS) e ampliação de créditos para micro, pequenas e médias empresas.
Ocorre que, desse valor, R$ 20 bilhões já haviam sido anunciados por Paulo Guedes na semana que passou, como lembra Míriam Leitão em coluna no Globo. O valor serviu para dar musculatura e anabolizar uma proposta mais magra do que parece.
Para o socorro às empresas menores, que serão as mais afetadas pela pandemia, sobraram apenas R$ 5 bilhões disponíveis para empréstimos. E pleitear crédito junto ao BNDES não é simples nem fácil. Especialmente num momento de crise.
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Na Europa, atual epicentro da pandemia, as lideranças falam em investir “o que for preciso”. Até mesmo a Alemanha, de reconhecida austeridade econômica, surpreendeu ao anunciar auxílio generoso às empresas. Mesmo que o equilíbrio entre limites orçamentários e a demanda causada pela crise ainda seja uma equação ainda sem resposta.
A urgência, e a dimensão das medidas, se justifica pela projeção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de que teremos 24,7 milhões de desempregados em razão da pandemia. Um recorde.
Separado o joio do trigo, o pacote brasileiro para as empresas é tão magro quanto o auxílio de até R$ 200 para trabalhadores informais ou autônomos que perderem renda devido à pandemia. Pessoas para quem a quarentena, em casa, custa o ganha-pão. São mais de 46 milhões de brasileiros nessa situação.
O governo brasileiro teve tempo, enquanto assistia à tragédia do coronavírus na Ásia e na Europa, para se preparar. Poderia ter buscado ampliar o teto de gastos com a saúde. Poderia ter preparado a economia para o baque inevitável. A fatura virá.
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