Um discurso se define pelo que se diz, e também pelo que se silencia. Elevada ao cargo de governadora, Daniela Reinehr (sem partido) fez nesta terça-feira (27) o primeiro pronunciamento oficial e a primeira entrevista coletiva no comando do Estado. E trouxe, nas entrelinhas, pistas sobre o que esperar deste início de governo.

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A primeira delas é uma aparente insegurança, ainda, quanto às diretrizes. Falei na coluna, na segunda-feira, que Daniela teria que optar entre coalizão ou bolsonarismo-raiz. As falas da governadora apontam que ela ainda está costurando o governo e suas bases. Por enquanto, tenta manter um pé em cada prato da balança.

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Um silêncio, no entanto, foi bastante significativo. Embora tenha falado em afastar ressentimentos com a Alesc e em restabelecer o diálogo, Daniela perdeu uma oportunidade de construir pontes. A governadora agradeceu a todos os desembargadores que participaram do Tribunal de Julgamento – o que inclui Luiz Felipe Schuch, que votou pelo afastamento dela e de Moisés. Mas não fez o mesmo aceno aos deputados que integraram o grupo. 

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Quanto à pandemia, o grande questionamento da estreia de Daniela, a governadora anunciou que quer rever as políticas de enfrentamento. Falou em alinhamento ao Ministério da Saúde, mas evitou entrar no tema de forma mais incisiva. Um recado importante foi a menção à responsabilidade dos municípios nas medidas de contenção – o que indica a tendência de seguir com a posição de Moisés, de deixar com os prefeitos as decisões impopulares.

O que se pode dizer, ao observar a fala de Daniela, é que ela não acredita no retorno de Moisés. A governadora falou em construção sem traumas, em reaceleração, e iniciou sua fala de forma simbólica, dizendo que a história que vive hoje – ou seja, sua presença no governo – começou a ser escrita há dois anos. Exatamente o período em que se elegeu, e que passou a ser escanteada pelo comandante afastado. 

No que depender de Daniela, esse não será um governo interino.

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