O primeiro sinal de que algo estava fora da normalidade no roteiro de recesso do presidente Jair Bolsonaro (PL), internado às pressas durante a madrugada no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, foi o cancelamento da agenda de domingo (2) em São Francisco do Sul. As equipes de imprensa que acompanhavam a rotina da presidência haviam sido informadas que ele sairia de moto no fim da tarde. Os jornalistas foram revistados, assim como apoiadores que pretendiam tirar fotos com Bolsonaro. Mas o passeio foi suspenso por volta das 17h, sem maiores explicações.

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Horas depois, por volta de 21h, o auxiliar de produção da NSC TV, Mauricio da Silva Veloso, recebeu a informação de que um membro da comitiva presidencial estaria sob cuidados médicos – o próprio presidente, ou a primeira dama Michelle Bolsonaro. A partir daí o trabalho de apuração da NSC, coordenado por Margarida Santi, coordenadora do Núcleo Globo em SC, identificou indícios de que o presidente adiantaria o fim das “férias”, marcado para a manhã de terça-feira (4).

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A primeira confirmação veio da mobilização de militares da Força Aérea Brasileira em Navegantes. Às 21h, eles informaram ao aeroporto que decolariam com os dois helicópteros da presidência da República – o que chamou atenção, já que não é hábito da FAB operar as aeronaves presidenciais à noite nos aeroportos de SC. Às 23h, o repórter cinematográfico da NSC TV, Marcos Schmitt, registrou a chegada dos helicópteros a São Francisco do Sul.

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Nove carros, acompanhados por duas ambulâncias do Corpo de Bombeiros, levaram a comitiva o presidente do Forte Marechal Luz, onde ele estava hospedado, até as aeronaves. Policiais federais afastaram os curiosos, que se aproximaram ao perceber a movimentação, dizendo que se tratava de um treinamento.

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Uma das hipóteses levantadas ao longo da noite era de que o presidente, ou a primeira-dama, pudessem ser levados de helicóptero a um hospital em Santa Catarina, em Joinville ou Florianópolis. Mas, naquele momento, o Estado não confirmava qualquer reserva de leitos ou requisição de segurança extra para nenhuma unidade hospitalar. A possibilidade foi descartada quando o repórter Juan Todescatt conseguiu confirmar que o avião presidencial estava no Aeroporto de Joinville, pronto para decolar.

A escolha de um terminal diferente do aeroporto de chegada (Navegantes) era um indicativo de urgência, já que essa não é a praxe nos voos presidenciais. É comum que as equipes utilizem a mesma estrutura por logística de segurança. O AirBus A319CJ decolou de Joinville por volta de 1h da manhã, em um horário em que o terminal está fechado para operações regulares.

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Sem informações oficiais a respeito do local para onde seguiria a aeronave, as equipes da NSC acompanharam o voo por meio de aplicativo que mostra a movimentação de aviões em tempo real. A rota da aeronave permitiu apontar que o destino era São Paulo, e não Brasília, como seria esperado – e que o avião do presidente desceria no Aeroporto de Congonhas.

A saída às pressas de Bolsonaro do Forte Marechal Luz foi publicada em primeira mão pela coluna, ainda na madrugada de segunda-feira. Logo depois, equipes da Globo em São Paulo confirmaram que o presidente havia sido internado no Hospital Vila Nova Star. Por volta das 10h da manhã, o presidente se manifestou nas redes sociais confirmando que se sentiu mal após o almoço em São Francisco do Sul e passa por uma bateria de exames para confirmação de obstrução intestinal. Ele pode ser operado e não tem previsão de alta médica.

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