A nomeação do paulista Rafael Nogueira para o comando da Fundação Catarinense de Cultura repercutiu nos últimos dias diante de suas falas preconceituosas quanto ao Carnaval. Mas o erro na escolha de um olavista e monarquista para o posto vai além da ignorância do mais novo integrante do governo estadual quanto à relevância de uma das festas populares que mais atraem turistas e movimentam a economia de Santa Catarina.

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Nogueira é formado em Direito e Filosofia. Dirigiu a Biblioteca Nacional no governo Bolsonaro e teve um desempenho apagado como secretário nacional de Economia Criativa e Diversidade Cultural na Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo – aquela que foi comandada pelo ex-ator de Malhação, Mário Frias.

Rafael Nogueira é oficializado como presidente da Fundação Catarinense de Cultura

Nogueira, que já cometeu a heresia de comparar o astrólogo desbocado Olavo de Carvalho a Sócrates, estava lotado no gabinete da deputada federal Carol de Toni (PL) e foi indicado por ela e pela deputada estadual Ana Campagnolo (PL) para o cargo. Pressionado para acomodar o espólio do bolsonarismo, o governador Jorginho Mello (PL) concordou.

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Jorginho já havia sido pressionado, antes, para nomear como secretário de Segurança Pública o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, afastado por usar o cargo para fazer campanha para Jair Bolsonaro (PL). Não abriu espaço na segurança, mas cedeu na cultura.

Olavista que vai assumir a Cultura em SC apaga conta no Twitter

Ocorre que, para além das asneiras que já falou e escreveu nas redes sociais, Rafael Nogueira não é um quadro preparado para administrar a cultura em Santa Catarina. Não conhece o Estado – a arte, as manifestações culturais, os movimentos antigos e atuais, as deficiências e necessidades. Em uma entrevista, há poucos dias, disse que se sente próximo da cultura de Santa Catarina porque é “devoto de Catarina de Alexandria”.

Apesar da pressão, governo Jorginho mantém olavista crítico do Carnaval na Cultura

É natural que o bolsonarismo ocupe espaços no governo Jorginho Mello, eleito com o número e a bênção do ex-presidente da República e com votação recorde. Mas a indicação de alguém completamente alheio a Santa Catarina para assumir a Cultura – um cargo sensível, ligado à identidade do Estado – é um grande erro.

Para atender uma parte da bancada, o governo demonstra pouco apreço pela Cultura e se expõe a prejudicar “comprar briga” com um setor que sabe fazer barulho.

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