O Brasil chegará neste domingo ao final das eleições mais difíceis e desafiadoras desde a redemocratização. O clima bélico, as mentiras, o mau uso das redes sociais, os ataques à democracia – tudo isso ficará na história. Mas o país também precisará lidar com o saldo financeiro de ter permitido o atropelo sistemático da legislação eleitoral, com aval do Congresso Nacional (inclusive da oposição) para um derrame de dinheiro nunca antes visto às claras numa eleição. O uso da máquina pública nunca foi tão escancarado.

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O enredo começa com a aprovação da PEC Kamikaze, que decretou um injustificado estado de emergência do país e permitiu gastos acima do teto. Nessa contra entraram o aumento do Auxílio Brasil, do auxílio gás, e a instituição de um auxílio para taxistas e caminhoneiros.

Depois vieram as benesses mais recentes, como o consignado do Auxílio Brasil, amplamente criticado pelos especialistas por aumentar o endividamento das famílias mais pobres, e o financiamento imobiliário com FGTS futuro, que parte da mesma premissa.

Também entra no cálculo a isenção transitória de impostos federais e a redução do ICMS – imposto estadual – sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Em Santa Catarina, só nos últimos três meses essa mudança representou uma redução de R$ 1 bilhão na arrecadação, que vai afetar o orçamento de 2022 e impactará os anos seguintes, já que a mudança é permanente.

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A agência Reuters calculou que, entre benefícios criados e prometidos ao longo dos últimos meses, a soma chega a impressionantes R$ 273 bilhões, que impactam o orçamento em 2022 e 2023. É com esse saldo, que contou com a leniência do Legislativo e do Judiciário, que o Brasil terá que acertar as contas a partir de janeiro do ano que vem. Não importa quem vencerá as eleições neste domingo.

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