A presença de Sergio Moro entre a equipe de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate de domingo à noite sela um novo momento na reaproximação entre o presidente da República e o e-juiz, ex-ministro, ex-traidor bolsonarista, e agora senador eleito pelo União Brasil. O colunista Lauro Jardim contou que as tratativas para que Moro estivesse presente no debate ocorreram na surdina, para que ele fosse usado como fator-surpresa de desestabilização contra o ex-presidente Lula (PT).
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A pergunta que fica o ar é por que Moro se prestaria a tal papel. Bolsonaro, evidentemente, foi beneficiado com a aparição-surpresa. Mas, para o ex-algoz de Lula na Lava Jato, ficou ainda mais evidenciado o carimbo de parcialidade na condução da força-tarefa de Curitiba.
Sérgio Moro dizia nas redes sociais que Bolsonaro “mente”:
“Assim como Lula, Bolsonaro mente. Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”
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Ou que impedia o combate à corrupção:
“Nunca é demais esclarecer motivos pelos quais eu saí do governo Bolsonaro. Sempre fui fiel aos princípios morais e ao povo brasileiro. Traição seria eu compactuar com a corrupção”.
Para entender Sérgio Moro, no entanto, é necessário lembrar quais são suas ambições. Um dos desejos do ex-juiz, ex-ministro, ex-traidor bolsonarista e agora senador eleito é se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal. Seu afastamento de Bolsonaro, em 2020, tornou a possibilidade inviável. Mas essa reaproximação pode mudar o cenário caso o presidente seja reeleito.
As chances de Moro aumentam ainda mais se Bolsonaro, em caso de reeleição, levar adiante o plano de aumentar o número de vagas no Supremo. Nesse caso, Sérgio Moro, o juiz considerado parcial pelo próprio STF, poderá subir alguns degraus em direção à cobiçada vaga de ministro.
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No início do mês, Bolsonaro disse ter desaconselhado Moro a mirar no Supremo por avaliar que ele teria dificuldade em ganhar o apoio do Senado na sabatina. Mas a renovação das bancadas pode mudar essa perspectiva.
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Outro desejo de Sérgio Moro, ainda mais ousado, é se tornar, ele mesmo, presidente da República. Ao se reaproximar de Bolsonaro, sem pudores, Moro tenta voltar às graças do eleitorado bolsonarista e se tornar herdeiro do presidente nas urnas.
A eficácia dos movimentos do ex-juiz dependem do resultado que Bolsonaro terá no dia 30 de outubro, no segundo turno. Na dúvida, Moro já apostou todas as fichas.