A política catarinense protagonizou nesta semana um episódio memorável: a batalha entre fiéis escudeiros de Bolsonaro para saber quem seria o anfitrião do presidente da República num passeio de moto por Santa Catarina, em meio à pandemia e suas 500 mil mortes.

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Bolsonaro se irrita com motociata em Florianópolis: “Não foi batido o martelo”

Não se trata de disputa política para subir no palanque em um anúncio importante, ou para carimbar o nome em um recurso muito esperado. A “briga” é para desfilar de moto ao lado de Bolsonaro, cumprindo uma agenda vazia de campanha antecipada.

A confusão é o auge de um fenômeno político que ganhou força com o bolsonarismo: a política da selfie. Nesse quesito, Santa Catarina está muito bem servida – especialmente no Congresso Nacional. Uma parte de nossos parlamentares se dedica quase que exclusivamente a servir de claque para o presidente da República.

Bolsonaro volta atrás e confirma que fará motociata em Florianópolis

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Enquanto o Estado enfrenta estiagem, enxurrada, apagão e o veto de R$ 152 milhões ao orçamento, que afeta obras federais, a bancada da selfie catarinense está ocupada em defender o voto impresso e a “liberdade” para não tomar vacina. Em troca, faz fotos e vídeos ao lado do presidente da República – e, vez ou outra, consegue carona em uma viagem oficial. Mesmo que seja para outro estado.

Opinião: Meio milhão de mortos. E quem se importa?

A proximidade com Bolsonaro poderia ser positiva e benéfica para SC, desde que chamasse atenção para nossas urgências. Mas a idolatria perverte essa lógica e faz de parlamentares, que têm a função constitucional de defender os interesses do Estado, apenas exaltados fãs do presidente da República. Ocorre que, para isso, ninguém precisa de mandato.

O problema com a bancada da selfie é que ela enfraquece a união de forças, fundamental ao fórum parlamentar. É como se o nosso “time” já entrasse em campo desfalcado. E pronto para perder.

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