É indiscutível que a oferta de entretenimento e lazer fazem de Balneário Camboriú uma das cidades mais atrativas para os turismo na região Sul do país. Não por acaso, tem ultrapassado gradativamente a barreira da sazonalidade e do “turismo sol e mar”, o que aumenta o potencial de ganho para o setor o ano inteiro.

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A cidade tem praia, aquário, roda gigante, teleférico, barco pirata, marina, zoo, um comércio bastante diversificado, que funciona dia e noite, e restaurantes para todos os gostos. Mas há um viés do turismo que Balneário ainda não aprendeu a explorar – o turismo de valor histórico-cultural.

Muita gente que visita Balneário Camboriú talvez não saiba, mas a famosa Praia de Laranjeiras, onde desce o teleférico do Parque Unipraias – e uma das praias favoritas dos turistas pelas águas tranquilas – foram cenário para uma das grandes descobertas arqueológicas do Litoral brasileiro.

Ali, em meio à areia, o padre João Alfredo Rohr descobriu, na década de 1970, um sítio arqueológico com um sambaqui e dezenas de sepultamentos. Parte das descobertas tinham 75% de integralidade e alta relevância. Eram vestígios de populações originárias que viviam na região há três mil anos, muito antes da chegada dos colonizadores ao Brasil. São, em sua essência, registros da ocupação pré-histórica em Santa Catarina.

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Parte dessa história está à mostra no museu do Parque Ciro Gevaerd, que fica nos fundos do Centro de Convenções, à margem da BR-101, e em meio ao zoo. A coleção recebeu um upgrade pouco tempo atrás, com investimento da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Mas permanece um tanto “escondida” dos olhos dos turistas.

O resgate histórico das nossas origens são um atrativo interessante para uma parte dos turistas – basta ver quantos se deslocam pelos museus arqueológicos na Europa, por exemplo, a cada ano. Quando se trata dos sambaquis de Santa Catarina, temos uma vantagem: são formações arqueológicas únicas no mundo.

Laranjeiras poderia ter um museu para contar essa história ali mesmo, no local onde ela aconteceu. Resgatar a origem indígena e o trabalho arqueológico. Mas, mais do que isso: poderia utilizar essa memória como identidade visual, inspirada na cerâmica, nos instrumentos de trabalho e nos adornos que foram encontrados ali, e que estão expostos nos museus. Há muita riqueza a ser explorada.

Falta à praia assumir a “cara” de seus primeiros habitantes – e isso poderia, até, inspirar souvenirs bem originais, diferentes daqueles que se vê em qualquer praia do Litoral catarinense. Seria uma maneira de contar aos turistas o valor histórico daquele pedaço do nosso Litoral e – por que não? – de honrar os nossos primeiros habitantes também.

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Trabalho de escavação arqueológica na Praia de Laranjeiras, na década de 1970
Trabalho de escavação arqueológica na Praia de Laranjeiras, na década de 1970 – (Foto: Reprodução)
Foram encontradas dezenas de ossadas humanas
Foram encontradas dezenas de ossadas humanas – (Foto: Reprodução)
Material está em um museu no Parque Ciro Gevaerd
Material está em um museu no Parque Ciro Gevaerd – (Foto: Reprodução)

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