Duas “curtidas” em rede social, nesta semana, soaram o sinal de alerta. O perfil oficial da Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina no Twitter – um canal oficial de comunicação institucional, que informa sobre as condições das estradas estaduais – curtiu publicações golpistas do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.

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Não se tratam de “curtidas acidentais”. Neste domingo, três dias após as postagens, elas continuam lá, públicas e visíveis para qualquer usuário da rede social.

As publicações questionam a confiabilidade das urnas eletrônicas, fazem ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e vão além: Mourão diz que o encontro do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, com comandantes gerais das PMs de todo o país, “fere de morte o pacto federativo” e faz uma perigosa incitação, dizendo que “é chegada a hora da direita conservadora se organizar para combater a esquerda revolucionária”. O vice-presidente usa o termo “combater”, como se preparasse para a guerra.

PMRV curte publicação de Mourão
PMRV curte publicação de Mourão


Na última semana, a PM de Santa Catarina foi uma das únicas a não aceitar o convite do ministro para o encontro em Brasília, junto com os comandos do Paraná e do Rio Grande do Norte. A coluna apurou que a decisão não passou pelo governo e foi tomada internamente pela Polícia Militar, diante da pressão da tropa.

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O cenário torna mais perigoso o aceno da Polícia Militar Rodoviária – um “braço” da PM de Santa Catarina – ao golpismo de Mourão. Em primeiro lugar, porque esse tipo de manifestação é vedado à corporação e prevê punição. A polícia, enquanto organização de Estado, não pode manifestar opinião política.

Em segundo lugar, porque cabe justamente à Polícia Militar Rodoviária, que é a representante da PMSC nas rodovias estaduais, o primeiro contato com manifestantes radicais que bloqueiam as estradas em Santa Catarina.

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A inclinação política desse grupo da corporação, ou de uma parte dele, é um movimento perigoso. Basta verificar o que ocorreu com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), identificada com o bolsonarismo, que agora tenta reconstruir a imagem enquanto seu “comandante” está na mira da Justiça.

O Governo de Santa Catarina precisa abrir os olhos para o que acontece na caserna – ou permitirá que o ovo da serpente do golpismo seja chocado dentro das forças de segurança submetidas ao Estado.

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