O machismo entrou no debate presidencial e os homens se esconderam

As mulheres foram as protagonistas, neste domingo (28), de um debate marcado pelo baixo desempenho de Lula (PT), o líder das pesquisas, emparedado pelos adversários no tema corrupção sem conseguir sair, e pelo descontrole do presidente Jair Bolsonaro (PL), que deu espaço aos oponentes para lembrarem ao eleitorado por que ele tem dificuldades com o voto feminino.

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Quem é Vera Magalhães, a jornalista ofendida por Bolsonaro em debate presidencial

No que prometia ser um duelo entre Lula e Bolsonaro, o desempenho de ambos foi o pior avaliado pela pesquisa Datafolha que ouviu eleitores enquanto o debate estava no ar. Bolsonaro ainda conseguiu gerar recortes para as redes sociais e entregou o estereótipo do presidente que não leva desaforos para casa. Pode não ter conquistado novos votos, mas falou para sua “bolha”. Lula teve mais dificuldade, e talvez seu melhor momento no debate tenha sido o aceno a Ciro Gomes (PDT), que não aceitou a trégua.

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No lado oposto, Simone Tebet (MDB) foi considerada o grande destaque da noite. A candidata conseguiu tirar Bolsonaro da linha e, quando convidada por Lula para uma “dobradinha”, falando das denúncias de corrupção na compra de vacinas, aproveitou para mirar nele também. Foi habilidosa com as palavras.

Simone e Soraya Thronicke (União Brasil) souberam usar a truculência e o destempero de Bolsonaro, que atacou de forma vulgar a jornalista Vera Magalhães, para sinalizar ao eleitorado feminino. Cresceram ao erguer a voz para denunciar o machismo do presidente.

Vale destacar que foram as duas mulheres candidatas que se insurgiram de imediato contra a fala misógina de Bolsonaro atacando Vera Magalhães. Os demais candidatos, todos homens, ignoraram de pronto o episódio, que ficará marcado como um símbolo do que há de mais baixo e grotesco nos ataques ao trabalho da imprensa e, em especial, às mulheres jornalistas.

Analistas costumam dizer que debate não define eleição, ainda mais em um pleito que tem votos consolidados como esta, onde a maioria dos candidatos são figurantes diante de um segundo turno antecipado. Mas as mulheres candidatas saem maiores do embate deste domingo. Um debate que, para além do desempenho de cada um, também será lembrado como a noite em que a misoginia entrou em cena – e os homens na sala se esconderam.