O levante de parlamentares de SC contra Bolsonaro e o recado que ele traz

Depois de quase três anos de apoio incondicional, a bancada catarinense que não integra o grupo bolsonarista raiz – o pessoal da política tradicional, que não se elegeu na esteira do bolsonarismo – ensaiou na última semana revoltar-se contra o presidente Jair Bolsonaro. Motivos para o levante, afinal, não faltam. 

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Mas não foi o boicote presidencial às medidas que poderiam salvar uma parte dos 19 mil mortos por Covid-19 em Santa Catarina o que irritou a bancada. Nem a demora na compra de vacinas, ou o aumento no número de miseráveis em nosso Estado. Também não foi o enfraquecimento sistemático da democracia promovido pelo governo federal.

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O que incomodou uma parte do fórum parlamentar foi a informação, trazida com exclusividade pelo colega Renato Igor, de que o governo federal não pretende investir nem um centavo sequer em novas obras de infraestrutura em Santa Catarina no ano que vem. Uma ingratidão por parte de um governo que recebeu R$ 465 milhões de presente do Governo do Estado para não paralisar obras em andamento nas rodovias, e que frustrou expectativas de investimentos nos planos de concessões, como a nova pista do Aeroporto de Navegantes.

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Estão certos os parlamentares em cobrar o devido retorno para o Estado, que enviou R$ 69 bilhões em impostos à União no ano passado. Defender os interesses de Santa Catarina é o principal objetivo pelo qual deputados e senadores foram eleitos e estão em Brasília – embora uma parte dos nossos parlamentares ainda acredite que função de político é bancar o influencer e posar para selfies.

Mesmo assim, não deixa de ser surpreendente que os ataques à saúde, à vida e à democracia promovidos pelo governo não tenham surtido o mesmo efeito.

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SC na CPI

Prestes a ser concluída, a CPI da Covid teve presença de SC não apenas pelo fato do senador Jorginho Mello (PL) integrar o rol de membros titulares como parte da tropa de choque do presidente Bolsonaro, e pelo conturbado depoimento do empresário Luciano Hang. A lista de convocações aprovadas tem pelo menos outros três catarinenses: o governador Carlos Moisés, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, e os deputados Ivan Naatz e Sargento Lima. Todos tiveram os depoimentos engavetados.

Eleições

Algo que se aprende, depois de cobrir muitas eleições, é que elas nunca são iguais. As prioridades do eleitorado mudam, os cenários também. Mas, faltando um ano para o próximo pleito, já se pode dizer que ele é especialmente desafiador – inclusive para a cobertura jornalística. Passamos por um momento singular, em que as vidas de todos nós têm sido afetadas por muitas perdas, enquanto a política segue rachada pela polarização e afetada pelas bolhas das redes sociais. Este cenário faz de 2022 uma incógnita, e é difícil prever o que vai motivar o eleitor no ano que vem. Será o discurso mais ideológico? A antipolítica? Ou os fatores econômicos, a pandemia? Se aprendemos que a política é como nuvem, 2018 ensinou que às vezes ocorrem os tornados. E eles são imprevisíveis.

SC ainda melhor

Qualquer que seja a escolha do eleitor catarinense no ano que vem, ela precisa resultar em propostas concretas e factíveis para Santa Catarina, em soluções e visões para o futuro do Estado. Essa é a ideia do projeto SC Ainda Melhor, que a NSC lança a um ano das eleições de 2022. Discutiremos juntos os problemas e as melhores saídas para Santa Catarina.

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