Carlos Moisés é um homem de fé. Talvez por isso, tenha acreditado que seria salvo do impeachment mesmo quando todos os sinais indicavam o contrário. Dono de uma carreira pública construída a jato, eleito em um tsunami que lhe entregou de presente uma votação recorde, o governador é um homem cuja história flerta com o improvável.

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Isso explica como um governante que sofreu um grande desgaste, apeado temporariamente do cargo por um processo de impeachment, foi resgatado pela mesma política que desprezou.

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Ainda que Moisés tivesse votos suficientes entre os desembargadores membros do Tribunal de Julgamento para conseguir escapar da perda do mandato, foi o aceno de deputados como Laércio Schuster (PSB) e Maurício Eskudlark (PL), que ‘viraram’ o voto e consideraram o governador inocente de crime de responsabilidade, o indicativo de que o Parlamento entendeu que um novo governo era não apenas possível, mas viável.

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Um retorno que só ocorre porque, em uma mal calculada manobra, o deputado Sargento Lima (PSL) roeu a corda do ‘acordão’ do Legislativo e obrigou o Parlamento, enfraquecido pelo processo de impeachment frustrado, a escolher entre Moisés e Daniela Reinehr. Reinou o improvável.

Deixar o governo temporariamente deu espaço para que Moisés fizesse um estágio intensivo em política. O governador precisou aprender a compor, a dialogar, e tende a implantar um governo de coalizão. Algo distante do que pareceu indicar a vontade do eleitor em 2018, mas politicamente sustentável.

Sem interesse em reeleição – pelo menos é o que diz – Moisés tem liberdade para se desamarrar dos compromissos firmados com o eleitor que estava cansado da política tradicional e buscar um caminho de governabilidade. Uma oportunidade, mais uma vez, improvável.

Moisés entra para a história de Santa Catarina como o governador que teve direito a uma segunda chance, algo que não costuma fazer parte dos enredos da política. À beira do precipício, conseguiu um milagre. Talvez tenha razão em ter fé.

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