O governador Jorginho Mello (PL) cometeu um equívoco ao não comparecer e nem enviar representante à reunião convocada pelo presidente Lula (PT) em Brasília para discutir um pacto pela segurança pública, na quinta-feira (31). Apenas o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), teve a mesma atitude. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, também não foi – mas enviou um emissário.

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O principal foco do encontro era debater medidas para o combate às facções criminosas, que se espalham pelo país. Há poucos dias, uma disputa entre grupos rivais resultou em barricadas e veículos incendiados na Grande Florianópolis. Há pelo menos sete facções, de quatro estados, atuando em Santa Catarina, segundo levantamento de inteligência.

Lula apresentou aos governadores a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, formatada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Ouviu reclamações e críticas ao projeto – uma delas, apresentada por Tarcísio Freitas (Republicanos), é que as medidas usurparão a autonomia dos estados para tratar de um tema sensível.

A PEC propõe alguns avanços, como um melhor compartilhamento de dados entre os estados e as forças policiais e um esforço nacional para combater o crime organizado, comandado pela União. Mas a preocupação dos governdores com o esvaziamento do poder de ação é pertinente.

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A reunião com Lula, como ficou claro nas intervenções dos governadores, era o momento para expor e discutir as divergências em relação à PEC. O governador Jorginho Mello (PL) disse à coluna, no início da semana, que é contrário à proposta – e citou especificamente o projeto de criar uma nova força policial ostensiva, com comando federal, como uma medida equivocada.

O governo de Santa Catarina poderia ter levado essas ressalvas à PEC ao Palácio do Planalto. Ao invés disso, o Estado abriu mão de ser incluído no debate quando quase todos os demais estavam à mesa.

Como governador de oposição, é esperado que Jorginho resista a gestos que possam ser lidos como um excesso de aproximação com o governo federal. Mas as relações republicanas, que ele prometeu ter quando assumu o governo do Estado, são fundamentais para que SC não fique à margem das grandes discussões do país.

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