Lula resgatou, no tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, as posições históricas do Itamaraty no cenário internacional e o potencial do Brasil. Foi uma fala contundente, que usou a desigualdade como fio condutor. Sem improvisos, sem percalços, sem sustos, o presidente entregou o recado.
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O pedido de Lula pra uma reforma no Conselho de Segurança, reconhecendo a importância do Sul Global, teve eco, logo depois, nas falas do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e de Joe Biden.
Do início ao fim do discurso, o presidente passou por diferentes tipos de desigualdades – econômicas, raciais, de gênero, de orientação sexual – para dizer que elas precisam ser vistas como prioridade num mundo que se pretenda mais seguro. Lembrou que, 20 anos atrás, fazia um discurso muito semelhante sobre a fome no mundo. Nada mudou.
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Lula foi feliz, especialmente, ao tratar de meio ambiente. É fundamental que o Brasil reconheça e ocupe seu posto como protagonista no debate ambiental. O presidente pontuou aos demais líderes que o país sabe da importância que tem num mundo em que a questão climática se torna cada vez mais urgente – e cobrou que o protagonismo dos povos amazônicos também se estenda à soberania.
Lula foi interrompido por aplausos mais de uma vez, num indicativo de boa aceitação da plateia internacional. A avaliação se estendeu “no lado de cá”. Até Merval Pereira, jornalista da GloboNews e crítico dos governos petistas, considerou o discurso perfeito.
Ainda há, no entanto, uma diferença entre a imagem que o Brasil busca projetar para o mundo e as políticas ambientais aqui dentro. Estudiosos e pesquisadores do assunto consideram nossa política excessivamente desenvolvimentista, o que a coloca em desalinho com os desafios impostos pelo momento atual. Há poucas semanas, por exemplo, falava-se em explorar petróleo na Bacia Amazônica, para arrepio dos ambientalistas.
O próprio Ministério do Meio Ambiente foi fatiado recentemente, por iniciativa do Congresso Nacional. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, onde tramitam uma série de retrocessos na legislação ambiental, assistiram pessoalmente à fala de Lula na ONU. É conveniente que alinhem a prática ao discurso.
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