Duzentos anos não se comemoram todo dia. Ainda que exista muito de anedótico na construção histórica do Sete de Setembro, é este o nosso marco da Independência. O dia em que o Brasil, este país imenso, com problemas tão profundos quanto as potencialidades, se tornou Brasil.

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Uma independência consentida, é verdade. Que manteve os privilégios de uma casta real intrusa e que não se envergonhou de criar uma nação “livre” com homens e mulheres escravizados.

Foram nosso bem e nosso mal, afinal, que pariram o Brasil. Um país brutalmente desigual. Mas também da música e da arte. Da literatura e da resistência. De Guimarães Rosa, de Chico Buarque. De Gil e de Zumbi. De Anita Garibaldi e de Antonieta de Barros.

Com tanta história para honrar – e para passar a limpo – o Brasil foi buscar no outro lado do oceano um símbolo para celebrar o bicentenário da Independência. Um coração que há muito tempo não bate mais. Coisa de um país que já não pulsa.

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O coração de Dom Pedro I, um pedaço de carne morta trazido com honras de chefe de Estado, é o símbolo de um país que busca no passado a glória que se recusa a ver no espelho – a daquele Brasil mestiço, multicultural, de todos os cultos, que nasce e renasce dos ciclos de violência sem fim.

Os 200 anos de Independência chegam num momento triste para o país. O Brasil merecia mais.

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