A decisão de Jair Bolsonaro (PL) de fechar a campanha em Santa Catarina passa por impulsionar o nome de Jorge Seif (PL) ao Senado na véspera da eleição. A candidatura do ex-secretário Nacional de Aquicultura e Pesca foi bancada pelo presidente, imposta ao PL catarinense, e é uma das apostas de Bolsonaro para o Congresso.

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Seif é tratado como “zero-seis” por Bolsonaro. Ainda em 2019, o então secretário disse em entrevista ao jornal O Globo que a relação que tem com o presidente é de “amor hétero”. Embora fosse do segundo escalão do governo, Seif foi uma das presenças mais constantes nas lives semanais de Bolsonaro.

Em algumas delas, virou notícia. Como quando beijou Bolsonaro no rosto ao ser elogiado pelo presidente – o episódio do “beijo hétero” – ou quando disse que peixes desviavam de manchas de óleo no mar porque são inteligentes.

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Apelidado de “tilápia” por Bolsonaro, Seif foi apresentado ao presidente após a eleição de 2018. Foi convidado a integrar o governo e não demorou a virar “da família”. Em Brasília, costumava preparar peixes e frutos do mar para o presidente. Era comum levar pescado de Santa Catarina, da empresa de pesca do pai. Seif também passou a ciceronear Bolsonaro em suas viagens de pesca, um dos hobbies do presidente.

A decisão de colocá-lo como candidato ao Senado foi informada ainda em 2020. Seif conta que foi chamado pelo presidente para uma conversa quando Bolsonaro estava em recuperação de uma das cirurgias que fez.

No ano passado, quando Luciano Hang se dispôs a disputar o Senado em Santa Catarina, ficou acertado que Seif sairia candidato a deputado federal. Com a desistência de Hang, os planos para Seif concorrer a senador foram retomados, e Hang foi escalado como cabo eleitoral. 

A decisão de Bolsonaro foi informada a Jorginho Mello (PL), que na época negociava o apoio do PTB e planejava ter Kennedy Nunes na majoritária, concorrendo ao Senado. A imposição do presidente levou o PL a concorrer com chapa pura – e causou um terremoto interno no partido. Até hoje, a guerra continua e tem uma parte dos bolsonaristas de SC que não aceitou fazer campanha por Seif.

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Ao escolher Santa Catarina para fechar a campanha de primeiro turno, Bolsonaro faz duas contas. A primeira é buscar um estado onde tem maioria absoluta de votos, e que pode lhe render as imagens de uma multidão – o “DataPovo”, que o presidente tem usado para contrapor os números das pesquisas nacionais. Em segundo lugar, fará um favor a Seif ao aceitar o convite feito por ele e colocá-lo na garupa, como está previsto. As urnas dirão se esse aceno do presidente será suficiente para catapultar um novato na política, como fez em 2018.