O ano de 2019 terminou com uma redução significativa no número de animais marinhos encontrados nas praias de Santa Catarina acompanhadas pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), entre Laguna e Itapoá. Foram resgatados 6,6 mil animais de janeiro até meados do mês de dezembro, 40% menos do que no ano anterior.
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O oceanógrafo Jeferson Dick, da Univali, que é coordenador da Unidade de Estabilização do Projeto, diz que a diferença, ao que tudo indica, é uma oscilação natural. A direção dos ventos e das correntes marítimas interfere na chegada de animais à praia. O que não significa, necessariamente, que a quantidade de mortes foi menor.
Também contribuiu para a redução o fato de 2018 ter registrado uma quantidade acima da média de pinguins em Santa Catarina, que não se repetiu. Foram 6,8 mil aves, contra 2,6 mil em 2019. O monitoramento é recente, mas os dados coletados nos últimos anos apontam que esse boom de pinguins é cíclico, e não indica anormalidade.
Mesmo com a redução, os pinguins-de-Magalhães lideraram o ranking de animais encontrados nas praias durante o ano em Santa Catarina. Em seguida vêm as tartarugas-verdes, espécie ameaçada de extinção, e vítimas preferenciais da pesca e do lixo que chega ao mar.

O objetivo do Projeto de Monitoramento de Praias é coletar dados que ajudem a entender os padrões naturais, e a identificar situações atípicas nos índices de mortalidade de animais marinhos na costa brasileira. A atividade atende a um condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
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Durante o ano todo, o monitoramento recolhe e reabilita os animais que chegam vivos às praias. Os que chegam mortos passam por necropsia. A atividade ocorre desde Laguna até Saquarema, no Litoral do Rio de Janeiro. A Univali coordena o trecho catarinense, em parceria com a Udesc, Instituto Australis, Associação R3 Animal e Univille.

Toninhas preocupam
Embora não liderem a lista dos animais que mais encalham nas praias de Santa Catarina, as toninhas – um tipo de golfinho – são as que causam mais preocupação no Projeto de Monitoramento. Em 2019, 244 toninhas foram encontradas mortas no Estado – a foto, feita pela equipe da Udesc, é em Laguna. A principal causa é a interação com a pesca, especialmente a artesanal, costeira, já que as toninhas costumam procurar alimento onde desembocam os rios. Os números, em relação à toninha, são alarmantes: no ritmo atual, a estimativa é que a espécie sobreviva por mais 30 anos.


Alguns dos animais encontrados em SC em 2019
Aves com maior número de ocorrências:
Pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus): 2.695
Gaivota (Larus dominicanus): 644
Biguá (Phalacrocorax brasilianus): 151 Bobo-pequeno (Puffinus puffinus): 158
Atobá-pardo (Sula leucogaster): 153
Lobo-marinho-do-Sul (Arctocephalus australis): 106
Raras (algumas em perigo de extinção):
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea): 12
Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata): 8
Baleia-minke (Balaenoptera acutorostrata): 1
Cachalote-pigmeu (Kogia breviceps): 1
Falsa-orca (Pseudorca crassidens): 1
Elefante-marinho-do-Sul (Mirounga leonina): 1
Vulnerável ou em perigo de extinção:
Tartaruga-verde (Chelonia mydas): 1.473
Toninha (Pontoporia blainvillei): 244
Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta): 230
Albatroz-de-bico-amarelo (Thalassarche chlororhynchos): 101
Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea): 19
Baleia-franca-austral (Eubalaena australis): 1
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