Às vésperas de assumir o comando da Polícia Militar Rodoviária, o comandante do 12º Batalhão da PM em Balneário Camboriú, tenente-coronel Evaldo Hoffmann, entrega nesta quarta-feira o posto ao tenente-coronel Alexandre Coelho Vieira. Em quatro anos à frente do batalhão, Hoffmann ficou conhecido pelas parcerias que firmou com o Judiciário, as prefeituras e a iniciativa privada.
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Um dos resultados foi o acordo ambiental que resultou na compra de um helicóptero para o batalhão, que permitirá o início das operações da Companhia de Aviação em Balneário Camboriú.
O 12º Batalhão foi escolhido para a estreia de programas importantes da Polícia Militar, como o Sou Estudante Sou Cidadão, criado em Camboriú e que será implementado em todas as regiões do Estado este ano, e o PMSC Mobile, que é usado em Balneário Camboriú desde 2015 e virou exemplo nacional de sucesso no uso da tecnologia no dia a dia das polícias.
Hoffmann quer levar à PMRv o mesmo tipo de iniciativa. Em entrevista, fala na mudança de foco da Policia Militar Rodoviária, que passará a ter atuação mais forte em segurança, e do início de operações de saturação nas estradas para coibir crimes como o tráfico de drogas e o contrabando.
O tenente-coronel assume o comando da PMRv nesta quinta-feira à tarde, em Florianópolis.
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Entrevista: Tenente-coronel Evaldo Hoffmann
Que balanço o senhor faz de sua atuação em Balneário Camboriú?
É um batalhão complicado, um dos três maiores de SC. Eu resumiria esses quatro anos em parceria, proximidade e cumplicidade. Com a sociedade civil organizada, como Ministério Público, o poder executivo, as Câmaras de Vereadores e associações de moradores. Para se ter ideia, temos hoje 15 mil telefones na rede de vizinhos, atingimos 40 mil pessoas na região.
Qual foi a ação mais importante?
Os programas preventivos, como a Rede de Vizinhos e a Rede Catarina. Conseguimos parceria com o MP e o Judiciário, para ampliar as ações da PM no atendimento dessa mazela. Balnéario Camboriú e Camboriú têm alguns dos maiores índices do Estado e é um crime silencioso, que ocorre dentro de casa. Tivemos ainda o projeto do boxe (Anjos Sem Asas), que atende 150 crianças com uma parte social bem executada, parceria com entidades, dentista, psicólogo. Tem atendimento social para essas crianças e adolescentes e resultado na parte esportiva. O legado que fica, além da reforma que fizemos no batalhão, será a vinda do helicóptero, que será um importante apoio no atendimento de ocorrências de maior potencial ofensivo, busca e salvamento, e em crimes ambientais.
Qual será o foco da sua atuação na Polícia Rodoviária Estadual?
O grande desafio será transformar a PMRv na polícia das rodovias. Faremos uma virada de jogo. Já temos expertise na área de trânsito, e os indicadores de redução de acidentes fatais são muito bons. Mas vamos focar também em drogas, foragidos que estão circulando pelas rodovias. A ideia é trazer operações Adsumus (de saturação), que dão muito certo no Estado, para cima da rodovia, com apoio do Choque, do Canil. Vou planejar a primeira para a SC-401, durante o Carnaval.
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A embriaguez ao volante está incluída nessas ações?
Hoje a embriaguez ao volante e o uso do smartphone são as maiores causas de acidentes nas rodovias. Temos essa condição e identificamos mais dois grandes problemas: a Polícia Militar Rodoviária está sem convênio com o Deter, desde que ocorreu o acidente com o ônibus na Serra Dona Francisca (em 2015). Vamos retomar esse convênio, para fiscalizar ônibus e cargas perigosas. Já fiz contato com o presidente do Deter, ele topou, e agora é só desenhar. Outro (convênio) que está bastante alinhado é com a Secretaria de Estado da Agricultura. O Paraná não vai vacinar contra a febre aftosa em 2019, e a circulação de cargas vivas traz a probabilidade de prejuízo ao agronegócio em SC. O (secretário de Estado de Segurança), coronel Araújo Gomes, já conversou com o secretário (da Fazenda), Paulo Eli, para atuarmos na prevenção de contrabando e descaminho. Principalmente a questão do cigarro, que além do prejuízo de arrecadação, traz prejuízo de saúde. Vai ter que ser um foco.
Há previsão de novos equipamentos para essas demandas?
A PMRv não estava integrada com o PMSC Mobile. Estamos em fase de implantação para entrar com tudo. Hoje não há controle de onde estão as viaturas, por exemplo, e isso é possível com o PMSC Mobile.
Há efetivo suficiente para as novas atribuições?
O efetivo é baixo, temos menos de 600 homens para 90 rodovias. Vamos ter que fazer readequação, criar as operações Adsumus para amenizar essa questão. Estamos pedindo que cada posto de combustível, mercado, indústrias que estão às margens das estradas disponibilizem imagens da rodovia para a PM. Assim como foi feito no projeto de monitoramento da Quarta Avenida, em Balneário Camboriú. Precisamos montar uma central de monitoramento. O número de emergência, 198, precisa ser melhorado, talvez colocado junto com as centrais de emergência. Posso usar estruturas já existentes para o acionamento da Polícia Militar Rodoviária, sem a necessidade de alguém específico para esse trabalho.