Na última semana, Santa Catarina foi notícia na imprensa nacional pela venda de ossos de boi para quem tem fome. Retalhos que iriam parar no lixo e que, diante da demanda, passaram a ser comercializados. O Procon interveio e proibiu a prática, que classificou como desumana. Mas houve quem defendesse a venda, alegando que os ossos vendidos aos pobres fariam baixar o valor da carne e a inflação. A que preço?
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A exploração da pobreza alheia é o retrato mais triste da miséria humana. Pior ainda quando a necessidade se alastra: em Santa Catarina, um dos estados mais ricos do país, a extrema pobreza aumentou 30% nas maiores cidades durante a pandemia. São 355 mil pessoas no Estado com renda familiar per capita de R$ 89 por mês, menos do que o preço de um botijão de gás. Muitas dessas famílias têm crianças.
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Mesmo para as famílias que têm emprego e uma renda um pouco melhor, a inflação alta fez minguarem os rendimentos e o salário já não chega ao fim do mês. Como consequência, hoje, no Dia das Crianças, muitos de nossos pequenos tiveram no prato somente pedaços de ossos – um indicativo de insegurança alimentar.
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No Brasil, a estimativa é que quatro a cada 10 crianças de até cinco anos de idade vivem atualmente na pobreza, em algum grau de vulnerabilidade. São meninas e meninos que vão acumular carências diversas na primeira infância, o que impactará em seu desenvolvimento e terá reflexo no resto de suas vidas. É grave que nossas crianças aprendam conosco, os adultos, que os miseráveis devem pagar pela crise.
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