Este é um Natal de paradoxos. Tempo de reencontro para muitas famílias, graças à ciência e à vacina. Mas também o primeiro com lugares vazios à mesa, para tantas outras. Quase 15 mil em Santa Catarina, para ser fiel aos números. É esta a quantidade de catarinenses que perdemos para a pandemia ao longo dos 12 meses de 2021, até agora.
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Em proporção, são três vezes mais do que as mortes de 2020. Um ano atrás, eram 5,2 mil famílias enlutadas pela Covid-19 no Estado à altura do Natal. Agora, elas somam mais de 20 mil desde o início da pandemia. Entre um número e outro tivemos uma onda devastadora, no início de 2021, que levou a saúde ao colapso. São números impactantes o suficiente para sentenciar que falhamos.
A reedição dos abraços de boas festas não apaga que, meses atrás, tínhamos uma fila de espera por leitos em UTI com centenas de pessoas – o que o procurador-Geral do Estado, Fernando Comin, chegou a chamar de “corredor da morte”. Em março, Santa Catarina registrava um óbito por Covid-19 a cada 25 minutos.
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Revisitar o passado próximo é importante, especialmente às vésperas de um ano eleitoral em que abundarão os autoelogios pela gestão da pandemia. Os erros foram muitos, em diferentes níveis de responsabilidade – desde a falta de comunicação assertiva das autoridades até a negligência na fiscalização das medidas restritivas, passando, em alguns casos, pelo indefensável apego a remédios sem eficácia.
Para a grande maioria dos nossos gestores, a chegada das vacinas foi um divisor de águas e a salvação da lavoura. Se chegaram ao final de 2021 com futuro político pela frente, é porque se empenharam na vacinação – e, num país governado por um negacionista, isso é muito. Mas, quando olhamos para trás, fazem falta os pedidos de desculpas pelos equívocos cometidos.
Autocrítica não é algo exatamente popular no meio político. Mas, em respeito a quem passou este Natal com lugares vazios à mesa, que evitem dourar a pílula em 2022.
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