Uma missão. É assim que Carmen Zanotto encara o trabalho à frente da Secretaria de Estado da Saúde. No pior momento da pandemia de coronavírus em Santa Catarina, a deputada federal formada em Enfermagem abriu mão do trabalho em Brasília para “cuidar” de SC.

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– Sou profissional de saúde, é o mesmo que me negar a atender um paciente. O que me levou não foi nenhuma decisão política – diz a secretária, que se esquivou de falar sobre política, quando questionada.

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Na entrevista que concedeu à reportagem na última terça-feira, ela fala sobre como planeja liderar o enfrentamento da Covid-19. Articuladora de ações em Brasília, na Comissão Externa de enfrentamento à Covid da Câmara Federal, a lageana de 58 anos prega o diálogo e a conscientização.

– Não basta ter normas, portarias, decretos, se não compreendermos individualmente o que está significando essa pandemia – comenta.

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Carmen defende a melhora da comunicação para fazer com que todos entendam a gravidade da situação e a necessidade de cada um se envolver na luta contra o novo vírus. Ela projeta um cenário duro pela frente nas próximas semanas:

– A demanda por leitos de UTI diminuiu, mas precisa diminuir mais, e os pacientes que estão em UTI são graves, gravíssimos. Então, podemos ter ainda uma situação de óbitos bem complexa.

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A secretária fala sobre a necessidade urgente de reduzir a fila de espera por leitos em UTI, da vacinação contra a Covid-19 no Estado, do desafio em lidar com os procedimentos adiados em função da pandemia e garante que, se necessário for, mais restrições serão feitas.

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Entrevista: Carmen Zanotto

A senhora já recusou outras vezes o cargo de secretária. Por que agora aceitou?

Eu não recusei. (Ano passado) Me desloquei de Brasília, vim conversar com o governador (Carlos) Moisés (que atualmente está afastado do cargo, por conta do processo de impeachment), me coloquei à disposição para coordenar um grupo de trabalho de enfrentamento à pandemia, uma vez que eu sabia o que estávamos vivendo. 

Mas, naquele momento, compreendi que poderia ser mais útil para Santa Catarina fazendo a interlocução com Brasília, em função das minhas atividades na Comissão Externa de enfrentamento à Covid e das relações de trabalho junto ao Ministério da Saúde frente à pandemia. Ele compreendeu que não era o momento, e então deu continuidade no trabalho, o que também foi importante. Mas não foi uma negativa.

O que mudou, que a fez aceitar esse convite agora?

Foi a clareza de que eu não podia me furtar de ajudar SC. Estamos vivendo o pior momento da pandemia e, para mim, é uma missão. Eu sou profissional de saúde, é o mesmo que me negar a atender um paciente. O que me levou não foi nenhuma decisão política. Aliás, eu nem fiz análise política. Foi uma decisão de coração, compromisso de profissional da área da saúde que sou. É uma missão para mim. Sei que tem prazo, e vou dar o melhor de mim para ajudar e para a gente poder minimizar os efeitos dessa pandemia em SC.

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A senhora entende que, de certa forma, legitima o governo Daniela? Que peso isso tem?

Repito, não fiz nenhuma avaliação política. Fiz avaliação do meu dever de profissional da área da saúde, de quem estava em Brasília, acompanhando (a pandemia), porque acompanhei todos os documentos, os encaminhamentos. Ainda em janeiro (de 2020), o presidente da República fez aquela manifestação sobre a dificuldade de trazer os brasileiros que estavam no epicentro da pandemia, em Wuhan, e comecei a me debruçar em cima da legislação, fazendo interlocução inclusive com o presidente da Câmara naquele momento, com o doutor Mandetta, ex-ministro da Saúde, buscando as alternativas. Tanto é que fui a relatora da Lei de Emergência Sanitária internacional do PL 23. Fui relatora porque já estava debruçada no tema. Então, não fiz avaliação político-partidária.

Como ficou a situação com o seu partido?

Estou cuidando da pandemia, não vou ter nem tempo para pensar como fica minha situação político-partidária porque o trabalho é muito intenso. Nós estamos no pior momento da pandemia, numa luta para melhorar os nossos indicadores de imunização, e para isso precisamos também melhorar os registros, fazer busca ativa. 

Tem municípios, por exemplo, que estão com população acima de 75 anos, ou com 90 anos ou mais, com um pouco mais de 50%, 60% (de cobertura). Precisamos saber se essas pessoas estão na cidade, se não estão, por que não. Precisamos trabalhar intensamente para que ninguém deixe de fazer a segunda dose. Tenho um compromisso comigo, como profissional, que é cuidar das ações da Secretaria de Estado da Saúde. As questões partidárias (ficam para) depois disso.

Há apoio interno ao seu nome na secretaria. Por outro lado, há pressão de uma parte dos apoiadores da governadora por uma política mais alinhada ao que pensa o presidente Jair Bolsonaro, o que nem sempre condiz com a maneira como a senhora trata a pandemia. Como a senhora lida com isso?

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A minha relação com os colegas da secretaria sempre foi de muito trabalho. Vamos fazer o enfrentamento da pandemia com muito diálogo. Estou estabelecendo diálogo com os secretários municipais de Saúde, que são os gestores da ponta, aqueles que fazem a operacionalização final de toda essa cadeia de enfrentamento da pandemia, em especial na questão da imunização. 

Dialogando com as entidades, os hospitais, trabalhadores da saúde, as entidades médicas, conselho de enfermagem, para entender um pouco mais da angústia de cada um. E, na linha de atendimento da pandemia propriamente dita, é reforçar todos os cuidados que todos nós já conhecemos, só precisamos aplicar. Uso da máscara, lavagem frequente das mãos, o respeito ao distanciamento. Assim vamos evitar outras situações mais complexas, inclusive de mais restrições.

Mas, para a gente conseguir isso, precisamos da participação de cada um, para termos um resultado coletivo. Não basta ter normas, portarias, decretos, se não compreendermos individualmente o que está significando essa pandemia. Não dá para achar que isso está distante, acontecendo só com os outros.

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A senhora sofreu ou tem sofrido algum tipo de pressão?

Não, nenhum tipo de pressão, porque já é consenso da sociedade como um todo. As orientações lá atrás, quando começou a pandemia, quando a gente dizia “fique em casa”, que era a orientação do Ministério da Saúde, baseada nas orientações mundiais daqueles que estavam vivendo o início desse processo, era para organizar os serviços de saúde, para conhecer um pouco mais o que estava acontecendo e poderia vir pela frente. O “fique em casa” não era não “procure auxilio médico se tiver sinais e sintomas”. Não era “deixe de ir a uma unidade de saúde e deixe seu quadro agravar”.

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A gente defendia, além desses cuidados, o atendimento o mais rápido possível. Ou seja, procure a unidade básica de saúde, o centro de triagem do seu município. Se você recebeu atendimento médico e viu que o quadro clínico não está melhorando, não aguarde ficar mais complexo ainda, retorne ao serviço de saúde. Essas coisas a gente precisa também intensificar e compreender a importância.

Agora, temos um pouco mais de conhecimento. Se puder, vamos desligar o ar-condicionado, manter as janelas abertas. Vamos renovar o ar de nossos ambientes. São pequenas ações que impactam no resultado final.

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Qual o acordo com a governadora interina Daniela? A senhora detém 100% a caneta?

Para implementar essas políticas, sim. O diálogo sempre faz parte da construção dos caminhos, e não vim aqui para destruir pontes. Estou aqui para construir caminhos. O diálogo é com a sociedade como um todo, a partir de seus órgãos representativos, Conselho Estadual de Saúde, Comissão Bipartite, que é o Cosems, que são os secretários municipais de saúde. Ouvir as entidades de saúde, os profissionais da área, o controle externo. Precisamos fazer isso diariamente e buscar os melhores caminhos, experiências.

Conversei com vários secretários municipais de saúde, com certeza vão melhorar nossas taxas de cobertura vacinal no D1 (primeira dose). Vamos fazer uma campanha grande para as pessoas que não foram vacinadas ainda, e estariam na faixa etária para serem vacinadas. Os municípios estão fazendo busca ativa nesses últimos dias. E que se intensifique a D2 (segunda dose), porque não basta a primeira dose.

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A senhora falou com o governador afastado?

Não conversei com o governador Moisés. Não tive essa oportunidade ainda.

Se Moisés voltar, a senhora fica?

Assim como não tenho nenhum desenho político-partidário, abri mão de cuidar das questões partidárias. Do meu partido inclusive, neste que é um momento importante, de construir candidaturas, de organizar 2022. Estou aqui cuidando da pandemia e das ações da Secretaria de Estado de Saúde, que não são só pandemia. Temos ações importantíssimas a discutir, enfrentar e buscar soluções.

Por exemplo, nossos pacientes que precisam fechar um diagnóstico de câncer, aqueles que precisam de cirurgia oncológica, quimioterapia, radioterapia, isso para falar de uma patologia. Estamos há um ano sem fazer cirurgias eletivas, praticamente, que foi o ano de 2020. Mas todo esse ano de 2021, muitos casos que foram eletivos podem se transformar em casos de urgência e emergência, e a gente precisa fazer a intervenção. Tem várias frentes de trabalho.

Como enfrentar e construir a reabilitação das sequelas das pessoas com Covid? Vamos ter que fortalecer todo o serviço de reabilitação no Sistema Único de Saúde (SUS) para dar conta do atendimento das sequelas dos pacientes que precisam de reabilitação motora e respiratória, por exemplo.

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Qual o cenário que a senhora encontrou? O que é diferente de quando a senhora ocupou o cargo pela primeira vez (entre 2007 e 2010, na gestão de LHS)?

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O cenário diferente é a necessidade de continuar agilizando o máximo possível o acesso à vacina para cada um dos municípios, dentro dos critérios e normas do programa nacional de imunização. Deixar os serviços organizados, habilitando os leitos de UTI que estão sendo abertos para atendimento Covid. O Estado tem direito de receber esses recursos, os leitos de UTI são financiados pelo governo federal.

Precisamos continuar buscando essas habilitações, honrar com os compromissos que foram assumidos daqueles leitos que já estão disponíveis e não tiveram habilitação por parte do ministério, porque temos uma rede hospitalar filantrópica, prestadora de serviços de saúde, que está sendo nosso braço direito no acolhimento e atendimento dos pacientes com Covid, seja na enfermaria ou UTI. Não são só hospitais de estado que estão nessa linha de frente.

Não sou de terra arrasada, não é meu perfil. Então, tudo o que pode ser feito ainda para minimizar, podemos fazer e construir com aqueles que aqui estavam, estão e poderão nos ajudar nessa caminhada.

A senhora fala em melhorar a vacinação. Mas tem como melhorar diante da falta de vacinas?

É melhorar os dados. Os dados que temos nos municípios, e que nós temos, não batem com os dados que estão no Ministério da Saúde. Santa Catarina nunca ficou para trás do Paraná e do Rio Grande do Sul. As informações não estão chegando no momento adequado. Isso nós precisamos melhorar.

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Os municípios não estão ficando com a vacina parada. As que recebemos, temos a responsabilidade da primeira e da segunda dose, conforme é enviado. Por exemplo, temos três lotes do Ministério da Saúde que vieram 100% para primeira dose. O que chegou no fim de semana passado era para ser 100% segunda dose, exceto a primeira dose das forças de segurança, que eram 1,2 mil. Depois de um estudo, na quinta-feira à noite, com os secretários municipais de Saúde, conseguimos avançar e liberar 60 mil doses para os municípios continuarem fazendo a primeira aplicação. Mas foi depois dos estudos, porque não podemos perder o prazo da segunda dose.

Como está havendo uma descontinuidade de entrega, por parte dos países que fornecem o IFA, as doses paradas em SC são da segunda aplicação. Mas quando se ouve as falas nacionais, inclusive do governo, dá impressão que não estamos vacinando. É porque a base de dados precisa ser melhorada. O governo federal enviou a vacina, por grupos prioritários, o Estado recebeu, os municípios estão vacinando, mas na base de dados nacional não bate. O número de vacinas foi muito maior do que aparece no sistema.

De vacinas aplicadas?

Aplicadas.

O Estado vai comprar vacinas?

Temos onde comprar? Não posso criar expectativa de que vamos ter vacinas adquiridas pelo Estado quando o programa nacional não está conseguindo fornecer o quantitativo que já deveria estar à disposição. Já conversei com o prefeito Gean (Loureiro, que preside consórcio para compra de vacinas). Todas as vacinas que tiverem segurança e eficácia comprovada terão todo apoio da Secretaria de Estado da Saúde.

E ainda defendo que consórcios de estados e municípios que conseguirem adquirir vacinas com segurança e eficácia comprovada, desde a sua produção até o transporte e armazenamento, quem deve pagar é o Programa Nacional de Imunização. Neste momento, o problema não são recursos para a compra, é a falta de vacinas no mundo para serem adquiridas.

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Então, neste momento, a senhora entende que não há como comprar, nem que quisesse.

Não está descartada a aquisição de vacinas por parte do Estado. Eu nem me debrucei sobre esse tema, em função da urgência que temos em outros temas, como conseguir ampliar mais vagas de UTI. Recebemos do Ministério da Saúde 30 respiradores no final de semana (3 e 4 de abril), depois de muita insistência. Eles estão sendo distribuídos, junto com os que o ministério tinha cedido para Chapecó, também materiais que Chapecó adquiriu. Estamos, com esses equipamentos, ampliando leitos em Joaçaba, no Hospital Santa Terezinha, no Hospital Marieta, em Itajaí, no Hospital Hans Ditter Schmidt, em Joinville, no Hospital de Araranguá.

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Temos uma situação bem pontual e emergencial que é reduzir ainda mais o número de pacientes que estão sendo atendidos nas enfermarias, nas UPAs e nos centros de triagem, e precisam de leito de UTI. Então, nem discuti internamente a aquisição ou não de vacinas.

Ainda temos demanda reprimida por leitos de UTI. Os especialistas dizem que isso só se resolve com mais restrições. Mas o primeiro ato da senhora foi menos restritivo. O que podemos esperar?

Por todas as orientações jurídicas, tem um rito a ser seguido. Já tinham acontecido duas reuniões do Coes, e os encaminhamentos eram pela liberação do consumo de bebida alcoólica das 18h às 22h. Porque a fiscalização também tem dificuldade. Se você tem uma bebida transparente num copo, numa mesa, você não sabe se aquilo é água, ou outro tipo de bebida. Se tem um coquetel de frutas, não tem como pegar no copo para saber se ali estão consumindo ou não bebida alcoólica.

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Optamos por manter as orientações dos encaminhamentos anteriores do Coes e melhorar a portaria que trata de bares, restaurantes, similares e casas de shows. Está havendo muita troca de razão social. O estabelecimento era uma casa de shows, e passa a ser um restaurante. Isso dificulta a fiscalização. Mas nada disso vai resolver se não compreendermos. Mais restrições serão feitas, se necessário for. Tudo isso vai ter resultado somando-se à mudança de comportamento individual.

O Coes será alterado? Que tipo de mudança pode haver?

Já pedi a documentação que institui o Coes, as alterações dessas portarias, da composição, e isso também é pauta para vermos o que é possível melhorar.

Quando a senhora fala em melhorar, pensa em mais representatividade? Que tipo de melhora?

Tudo pode melhorar um pouquinho. Precisamos ter reuniões produtivas, que também deem espaço à sociedade civil para manifestar o que elas pensam, e temos que ouvir aqueles que estão no dia a dia do trabalho. Então, o Coes está e vai continuar desenvolvendo seu papel e o respeito às divergências. Quando ouvimos o contraditório, podemos buscar caminhos mais sólidos.

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A senhora já sentou com o Ministério Público, que foi autor da ação que pedia lockdown em Santa Catarina?

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Já pedi agenda. Tenho agenda prevista com o Ministério Público, Tribunal de Justiça, com as entidades da área da saúde, da enfermagem, da medicina, os gestores dos hospitais filantrópicos e prestadores de serviço. Até para dar segurança sobre como a gente pensa, e como podemos melhorar juntos o enfrentamento da pandemia. Aprimorando, porque é um aprendizado diário. Essa pandemia nos ensina todos os dias.

Santa Catarina passou de um bom exemplo de gestão da pandemia para um mau exemplo em um ano de pandemia, com descontrole e desrespeito às regras. Como reverter isso agora?

Com conscientização. Está falando do que vivemos no último final de semana?

Não só, mas ao longo do tempo.

O nosso é um Estado de excelência, que sempre foi espelho para muitas questões. Quando temos normas sendo descumpridas, o país olha para a gente e estranha o que está acontecendo. Por exemplo, fui muito demandada em Brasília pelos índices da cobertura vacinal. Debruçando em cima dos números, a gente percebe que os números que estão no Estado, nos municípios, não são os que estão aparecendo nos dados nacionais.

O Estado é excelência, digo com muita franqueza. Por muitos anos os estados vizinhos diziam que tinham que bater SC nos indicadores de mortalidade infantil, de longevidade. Sempre teve esse olhar entre um estado e outro, vendo o que se pode melhorar. É com esse intuito que venho fazer essa caminhada na Secretaria de Estado da Saúde.

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Por que não conseguimos sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de se protegerem com coisas simples, como o uso da máscara?

É difícil explicar isso. Já ouvi vários relatos de pessoas que não acreditavam (na pandemia). Só foram sentir a complexidade quando o problema chegou dentro de casa. Mas não precisamos passar pela experiência de sentir a dor, o sofrimento de alguém precisando de leito de UTI, a dor de uma família quando perde pai, mãe. Tem situações em que morrem até quatro pessoas da mesma família, pai, mãe e filhos. Crianças ficando órfãs em função da pandemia.

Não precisamos passar por isso em casa para sentir a complexidade. Basta olharmos o que aconteceu em 2020, e este início de 2021. A situação está mais complexa, esta variante está exigindo que a gente redobre o cuidado, o uso da máscara. Não temos outra alternativa.

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A senhora tem falado em melhorar a comunicação. Ainda dá tempo de criar essa consciência coletiva?

Dá tempo de melhorar. Terei uma reunião sobre isso, sobre conseguirmos mostrar a importância de cada um fazer a sua parte.

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Qual a situação de SC em relação a insumos? Temos kits de intubação e oxigênio suficientes?

No fim de semana estive em Lages, no domingo (dia 4 de abril). O hospital infantil abriu lá 10 leitos para adultos, estava com equipe, com equipamentos, mas não tinha segurança nos insumos, nos medicamentos do kit intubação. As unidades hospitalares precisam comunicar semanalmente o consumo desses insumos, e como está o estoque regulador. Estamos trabalhando para manter um estoque regulador um pouco mais seguro, ou seja, se um hospital tem para 15 dias e outro tem para três dias, temos que fornecer para aqueles que mais precisam. Estamos disciplinando esse assunto, aprimorando isso.

A boa notícia é que o governo federal, junto com a Opas, deve estar confirmando uma compra internacional. Estamos pedindo o fornecimento de todos os contratos que a Secretaria de Saúde tem com a indústria, porque a indústria diz que, quem tem contrato, ela vai respeitar. Mas uma coisa é dizer que vai respeitar, outra é entregar os medicamentos. Estamos trabalhando para que nenhum paciente precise ser extubado (retirado da intubação), que venha a ter sua medicação reduzida ou tenha agitações devido à falta do medicamento do kit intubação.

Hoje não está faltando em lugar nenhum?

Não, estamos monitorando e fazendo as entregas, descobrindo as situações mais críticas. Se tem falta, pode ser alguma situação pontual que não tenha chegado à secretaria. A reposição tem sido feita conforme a demanda e o risco de ficar sem o medicamento.

Qual a projeção para o avanço da pandemia nas próximas semanas?

Devemos melhorar nos casos ativos, na circulação do vírus, mas temos muitas pessoas ainda com casos graves em UTI. A demanda por leitos de UTI diminuiu, mas precisa diminuir mais, e os pacientes que estão em UTI são graves, gravíssimos. Então, podemos ter ainda uma situação de óbitos bem complexa.

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