O Gerente de laboratório e medições ambientais Instituto do Meio Ambiente (IMA) em Santa Catarina, Marlon Daniel da Silva, comentou a intenção da prefeitura de Balneário Camboriú de aumentar a frequência das análises de balneabilidade. Segundo ele, o modelo atual segue normativa nacional e o órgão estadual não tem condições de tornar as coletas mais frequentes.

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Nesta segunda-feira (28), o IMA divulgou que todos os pontos analisados na Praia Central, em Balneário Camboriú, estão impróprios para banho.

Entrevista: Marlon Daniel da Silva

Faz sentido aumentar a frequência das coletas?

A Resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) fala em coletas semanais consecutivas. No Brasil inteiro órgãos fazem semanalmente. Não teríamos condições de pessoal, nem financeira, de fazer com frequência menor. São Paulo é o único estado onde estão fazendo (coletas) duas vezes por semana em algumas praias, e não resolveu o problema.

Quais são os pontos críticos em Balneário Camboriú?

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No Pontal Norte, os quatro resultados deste ano deram quase o triplo do valor máximo de escherichia coli, que é de 800. O ponto 2, por exemplo, que fica na Rua 1001, tinha 295 na primeira coleta, passou para 1198, no dia 14 de janeiro chegou a 10 mil e agora 1500. Vai continuar no mínimo quatro coletas com impropriedade.

Mas a análise contratada pela prefeitura apresenta resultados diferentes.

Fazer uma amostragem não diz nada, porque não tem histórico para sustentar o resultado. Nós temos esse histórico no IMA. A resolução diz que, para ter um resultado confiável, são necessárias cinco coletas semanais consecutivas em que não haja mais de 800 escherichia coli para cada 100 mililitros. Para uma praia ser considerada excelente, o valor é de 200. Nós consideramos que existe um número natural de bactérias, por isso o limite é 800. Mas sempre que o ponto tem resultado muito alto, é maior a possibilidade de existir outros agentes patógenos causadores de doenças que são transmitidas pela água. Nosso objetivo não é proibir ninguém de tomar banho, não estamos interditando a praia. Mas estamos informando que o ponto é impróprio e é possível contrair doenças.

Há reclamações dos municípios sobre coletas que ocorrem após enxurradas, e trazem um volume maior de bactérias. É possível evitar essas datas?

Essa discussão já vem há 30, 40 anos. Não tenho como evitar a chuva, e o cenário é aquele da coleta. Vai depender do que está chegando à praia. Significa que a cobertura de saneamento é precária, que não temos macrodrenagm, que as galerias engolem o sistema de tratamento de esgoto, que não existe condição de enviar para a estação de tratamento, e por isso indicamos que não se use a praia por no mínimo 24 horas, principalmente próximo de desembocaduras de rios e valas.

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