Após meses de embates, que já duram desde abril, o ministro Alexandre de Moraes foi empurrado para o corner no ringue onde digladia com Elon Musk. Ao negar-se a cumprir decisões judiciais de suspensão de perfis, e manter uma empresa operando no Brasil sem representação – o que é proibido – Musk incitou Moraes à decisão de suspender o X.
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O despacho do ministro é bem mais robusto que isso. Fala, por exemplo, que manter a rede sem representante legal no Brasil durante as eleições municipais seria um “gravíssimo risco”. Diz também que há instrumentalização do X para divulgação de conteúdos “nazistas, fascistas, de ódio e antidemocráticos”.
A decisão já repercute internacionalmente. NY Times, Washington Post, The Guardian e BBC relatam o bloqueio do X no Brasil e a briga entre o bilionário e o ministro do Supremo.
Políticos e entidades se manifestam sobre suspensão do X no Brasil por Moraes
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O fato é que, a esta altura, Moraes não tinha outra opção diante de um empresário estrangeiro que se recusa a seguir a lei no Brasil. Mas, além de evidentemente antipática para milhões de usuários da rede no país, a decisão coloca Moraes no papel que Musk lhe relegou: o de censor.
O bilionário dono da Tesla já vinha usando o adjetivo para se referir ao ministro, incomodado com as decisões de suspensão de perfis na rede social. Dono de uma das maiores fortunas do mundo, estimada em US$ 239 bilhões, Musk tornou-se um dos ícones da direita radical global ao defender “liberdade de expressão”.
Diferente da postura que adotou no Brasil, no entanto, Musk costuma acatar ordens judiciais em outros países, como relata reportagem de Patricia Campos Mello para a Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (30). Na Índia e na Turquia – países com governos autocráticos de direita – o X aceitou determinações de exclusão de conteúdos sem que Musk acusasse censura. Ele afirmou, apenas, que não poderia descumprir uma decisão judicial.
Mas por que a postura é diferente no Brasil? A chave está na inclinação político-ideológica do multibilionário. Ao incitar a ordem de fechamento do X, Musk reforça seu discurso de que o poderoso ministro, que tem nas mãos o destino de Jair Bolsonaro, age de forma autoritária. Ao dar corda para o dono do X, Alexandre de Moraes caiu na arapuca.
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