Nomeada pelo governador Jorginho Mello (PL) para ser a “número 2” no Turismo, a mulher do senador Jorge Seif (PL), Catiane Seif, foi uma das comissionadas bolsonaristas que se beneficiaram de uma manobra da antiga administração da Embratur para impor à nova gestão, já sob o governo Lula (PT), um valor milionário em indenizações.

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O montante, que pode ultrapassar R$ 10 milhões, é questionado pelo atual presidente da empresa pública, o ex-deputado Marcelo Freixo, que vetou o pagamento e levou o caso à Justiça. Catiane foi desligada da Embratur por Freixo no fim de janeiro.

Ex-sócia de uma confecção de acessórios para pets, Catiane Seif não tem formação em Turismo. Apesar disso, desde 2020 ocupou um dos cargos mais altos da Embratur no governo Bolsonaro, de gerente de Ouvidoria, com salário de mais de R$ 25 mil. É o terceiro cargo na hierarquia da empresa, abaixo apenas do presidente e do diretor.

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Um dia após o segundo turno das eleições, o então diretor-presidente da Embratur, Silvio Nascimento, criou via resolução uma Comissão de Ética com cinco membros e mandatos de dois anos de estabilidade, com a nomeação de alguns comissionados ligados ao bolsonarismo – entre eles, Catiane Seif, que era suplente da comissão. Dias depois, sem justificativa, o mandato foi estendido para cinco anos de estabilidade.

A resolução previa que, em caso de demissão sem justa causa, os membros da comissão teriam que receber como indenização valor relativo a todo o período de mandato, multiplicado por dois. É dessa conta que sai o valor de R$ 10 milhões, que pode minar o caixa da empresa estatal.

A Comissão de Ética não foi a única manobra da antiga gestão da Embratur depois que Bolsonaro perdeu a eleição. Houve ainda dezenas de contratações e promoções na reta final do governo, após o segundo turno, quando já era sabido que a empresa mudaria de mãos. As demissões, nesse caso, somam mais de R$ 3 milhões em indenização.

No início do mês, o senador Jorge Seif disse ao portal Poder 360 que pretende recorrer à Justiça contra a decisão de Marcelo Freixo de suspender a Comissão de Ética que resultou na demissão de sua mulher, por entender que ele não tinha “autoridade” pera desfazer a resolução.

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Trem da alegria

Em setembro do ano passado, a Justiça Federal suspendeu a nomeação da cunhada de Jorge Seif, Fabiane Monteiro, na chefia da Divisão de Difusão Cultural da Fundação Casa de Rui Barbosa, que estava sob o “guarda-chuva” do Ministério do Turismo. O motivo foi a falta de capacidade técnica para exercer o cargo. Fabiane, que segundo o Ministério Público Federal possui apenas o ensino médio e não tinha atributos nem expertise para a função, ocupava o cargo desde janeiro de 2021.

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