MP considera chamar Rodolfo “ex-Raimundos” para depor sobre igreja em Balneário Camboriú

O Ministério Público de Santa Catarina considera chamar o cantor Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos, para prestar depoimento sobre as denúncias que ele gravou em vídeo envolvendo a igreja Bola de Neve, em Balneário Camboriú. Rodolfo diz que ele e a mulher, Alexandra Abrantes, teriam sofrido “abuso psicológico” de pastores que comandam a igreja.

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O promotor Jean Forest, da 9ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú, diz que a decisão sobre convocar o cantor dependerá do andamento das investigações. Ele instaurou uma notícia de fato, um procedimento preliminar, para apurar denúncias diferentes das de Rodolfo, que falam em suposto desvio de recursos.

A promotoria, que é responsável pela área da moralidade administrativa, investigará transferências de recursos públicos para as entidades ligadas a igreja – quais convênios foram firmados, e como as verbas foram aplicadas. A igreja estaria ligada à administração da Casa das Anas, que recebe mulheres vítimas de violência e tem convênio com o município.

Acusação de Rodolfo “ex-Raimundos” a igreja de Balneário Camboriú vira problema para o PL

O promotor solicitou essas informações ao prefeito Fabrício Oliveira (PL) e à Controladoria do Município. Segundo ele, só depois de receber a documentação pedida serão avaliados novos encaminhamentos – e se há pertinência em um depoimento de Rodolfo e Alexandra.

Relembre a tragetória de Rodolfo, do sucesso à conversão:

Rodolfo Abrantes ganhou fama como vocalista do Raimundos (Divulgação)

A banda, criada no final dos anos 80, reunia Rodolfo, Canisso, Digão e Fred (Reprodução)

O primeiro grande sucesso foi a música Selim (Reprodução)

O segundo álbum da banda, Lavô tá Novo, lançado em 1995, “explodiu”, com mais de 400 mil cópias vendidas (Reprodução)

O disco mais vendido foi Só no Forévis, de 1999, que traz faixas como Mulher de Fases (Reprodução)

Em janeiro de 2001, Rodolfo entrou na igreja evangélica e deixou a banda (Reprodução)

Rodolfo mudou-se para Balneário Camboriú e se tornou cantor gospel (Reprodução)

Além de pregar, ele também se apresenta em igrejas evangélicas (Reprodução)

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Como a coluna informou na quinta-feira (24), as acusações de Rodolfo potencializaram denúncias de supostas irregularidades feitas por ex-membros da igreja, e se tornaram um problema para o PL em Balneário Camboriú.

O jornalista Peeter Lee Grando, pré-candidato do PL à prefeitura, é pastor auxiliar da Bola de Neve. Embora nenhuma das denúncias diga respeito a ele, e ele não faça parte da administração direta da igreja, há um temor no partido de que a onda de acusações acabe por manchar uma pré-candidatura que ainda vinha sendo construída.

Luciano Hang retorna à política com nova bandeira

Em nota, o pré-candidato disse que se trata de um “movimento orquestrado” com finalidade política:

“Penso que apresentar denúncias desse tipo, neste momento, é evidente que tem por objetivo atingir a minha pré-candidatura. Tudo muito orquestrado, tudo muito articulado no tempo e no conteúdo. Contudo, não acredito que o objetivo dessas pessoas será alcançado, pois pauto minha conduta pelos mais sólidos valores morais e éticos, o que me deixa a consciência tranquila. Agora, conheço a idoneidade dos meus pastores e da igreja que congrego há 20 anos. A tentativa de os atacarem para me atingir é covarde e dá claros sinais da velha política que me posiciono totalmente contra.”

Os pastores Natanael e Ana Paixão, que comandam a igreja, também se manifestaram em nota e disseram que as atividades assistenciais nunca foram impostas aos membros da igreja.

“Esclarecemos aos devidos fins que servimos como Pastores da Igreja Bola de Neve em Balneário Camboriú há mais de 20 anos e, como interessados em projetos de impacto social positivo, atuamos em algumas frentes no nosso município que não são da Igreja Bola de Neve e nem possuem relação nenhuma com o ministério.

Infelizmente, o Instituto Ipê nunca chegou a acontecer, não conseguimos os recursos financeiros necessários para viabilizar os trabalhos. Assim, apenas de forma simples e com ações sociais pontuais, avançamos para treinar e auxiliar mulheres da nossa comunidade.
Nunca tivemos retiradas financeiras do Ipê. Pelo contrário, sempre doamos a nossa vida, tempo e muito amor para que ele avançasse”.
“Todos os projetos e ações sociais em que nos envolvemos sempre foram feitos em amor e em comunidade, junto com outros irmãos da fé. Nunca de forma forçada ou imposta nos nossos cultos da igreja local”.

A Igreja Bola de Neve afirmou lamentar os relatos que pessoas que se desligaram da instituição:

“A Igreja Bola de Neve lamenta profundamente o descontentamento e a repercussão de notícias e materiais nas mídias sociais que expõem o desagrado de pessoas que já frequentaram a instituição. Ao longo dos 25 anos de atuação do ministério e com mais de 500 igrejas espalhadas no Brasil e mundo, os trabalhos sempre foram feitos em uma conduta transparente e honesta para que o resultado final fosse a transformação da sociedade. O coração e as obras de todos continuam iguais: servir a Deus e a comunidade da melhor forma possível. Como ministério, a Igreja Bola de Neve está se esforçando para ser aperfeiçoada em gestão, base doutrinária, capacitação de obreiros e, principalmente, no temor a Deus. Quem perde neste cenário tão triste são milhares de pessoas que já foram ou teriam a chance de serem transformadas pelo poder de Deus”.