Convidado de um debate virtual da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) sobre os impactos da Covid-19 no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, nesta quarta-feira (27) à noite, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse que crimes de corrupção cometidos com verbas públicas, durante a pandemia, têm consequências ainda mais graves.

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– Vidas estão em risco quando se cometem fraudes com dinheiro público – afirmou.

Moro debateu, em inglês, com a professora norte-americana Ola Tucker, da Widener University Delaware Law School. O encontro online durou cerca de duas horas.

Durante o debate ex-ministro não citou, em nenhum momento, o impasse que envolveu seu pedido de demissão do governo, em abril. Moro denunciou o presidente Jair Bolsonaro por supostas tentativas de interferência na Polícia Federal, que estão sob investigação.

Não furtou-se, no entanto, de falar sobre sua passagem pelo Ministério da Justiça e a experiência de enfrentar a pandemia sob a ótica da segurança pública. Moro disse que o impacto das medidas de isolamento social, por exemplo, ainda não foram sentidos nos números de criminalidade por completo, porque há delay nas estatísticas brasileiras.

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O ministro também citou preocupações com o sistema prisional superlotado em época de pandemia, o sobrepreço de equipamentos para enfrentamento do coronavírus, e a necessidade de seguir com o combate à corrupção.

Questionado sobre o preparo das polícias brasileiras para o combate à corrupção, Moro disse que a Polícia Federal tem as ferramentas para identificar e comprovar crimes de lavagem de dinheiro, falou sobre treinamentos específicos para as polícias civis estaduais e destacou o papel dos Gaecos, órgãos especializados para combater o crime organizado nos estados. Para o ex-ministro, é necessário no Brasil um maior compartilhamento de inteligência entre as polícias.

Talvez o ponto mais revelador do debate de Moro tenha sido uma frase, dita por ele, pouco antes de começar oficialmente o evento, enquanto os espectadores virtuais ainda se conectavam à reunião. Descontraído, o ex-ministro cumprimentou os debatedores e comentou, em inglês: "In Brasil, not ordinary times" – No Brasil, não são tempos comuns.

O debate faz parte de um Ciclo de Seminários Internacionais integrado, uma iniciativa conjunta entre a Univali, a Universidade de Perugia, na Itália, a Universidade de Alicante, na Espanha, Universidade do Minho, em Portugal, a Universidade de Caldas, na Colômbia, e a Delaware Law School, nos EUA. Os seminários iniciaram em abril e seguem até início de junho.

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