Ao ceder aos apelos do setor econômico e autorizar a reabertura do comércio, o governador Carlos Moisés abriu espaço para o protagonismo dos prefeitos no controle da pandemia do coronavírus em SC. E ninguém aproveitou melhor a brecha do comandante do que o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro.
Continua depois da publicidade
Duas horas depois do anúncio do Estado sobre quais as atividades estariam liberadas, Gean tratou de colocar uma pedra sobre a empolgação dos comerciantes e segurou a onda dos hoteleiros. Nesta segunda-feira, Florianópolis foi a única grande cidade de Santa Catarina onde as lojas amanheceram, mais uma vez, de portas fechadas.
A prefeitura investiu quase R$ 6 milhões na compra de 35 mil exames e quer testar a população. O argumento é que, desta forma, será possível avaliar com mais segurança o quadro nos próximos dias e planejar uma reabertura mais segura.
A aposta é alta. Até porque a mesma pressão sentida pelo Estado por parte do setor econômico, já afetado pelo impacto da pandemia, também bate à porta das prefeituras.
Nos bastidores, fala-se que Gean resolveu assumir o risco de desgaste junto ao empresariado por enquanto. A leitura de cenário, levando em conta o número de casos em Florianópolis – o maior do Estado – e a experiência de outros países mais afetados pela pandemia, é de que o isolamento se impõe.
Continua depois da publicidade
Moisés fez o mesmo raciocínio ao tomar a frente dos decretos de quarentena entre os estados no país, no início de março. Ao voltar atrás, também calculou sua margem de desgaste político com o setor econômico.
No jogo político, as posições de certa forma repetem o estratagema do presidente Jair Bolsonaro, que responsabiliza os governadores pelas restrições impostas nos estados. Ainda que, no discurso, Moisés não responsabilize os prefeitos pelas perdas econômicas a partir de agora, o governador joga no colo deles a decisão sobre seguir ou não as diretrizes do Estado. E Gean aproveita o espaço para apresentar a única carta que tem nas mãos.
A evolução da pandemia em Santa Catarina indicará erros e acertos nas próximas semanas. Neste momento, ao admitir que o pior está por vir – e mesmo assim relaxar o isolamento – Moisés traz duas mensagens dissonantes. E, nessa dualidade, Gean Loureiro pode sair em vantagem.
Os próximos passos do governo do Estado serão decisivos na condução da crise. A exemplo do cenário político mundial, as escolhas podem fazer uma diferença relevante na avaliação dos gestores quando uma pandemia ameaça vidas. E ter reflexos importantes em ano eleitoral.
Continua depois da publicidade
Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz