O uso de máscaras de tecido comum, de fabricação caseira, foi recomendado como forma de proteção contra o coronavírus pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na coletiva de imprensa do governo federal na quarta-feira (1º). O governo anunciou que publicará um conjunto de sugestões, como o melhor tipo de material para a confecção das máscaras.
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A fala do ministro pegou de surpresa os órgãos estaduais de Saúde, já que contraria nota técnica emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), subordinada ao próprio Ministério da Saúde. Esta semana a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina emitiu uma nota de alerta, em que ressaltou o entendimento da Anvisa e desaconselhou o uso das máscaras de pano, afirmando que "não são recomendadas, sob qualquer circunstância”.
Desde que o coronavírus se tornou uma ameaça mundial, o uso (ou não) de máscaras pelos cidadãos, nas ruas, entrou em debate. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que o uso seja restrito aos doentes e aos profissionais da saúde. A recomendação leva em conta, especialmente, a falta de equipamentos em todo o mundo.
Mas países como os Estados Unidos avaliam recomendar o uso de máscaras caseiras para reduzir os índices de proliferação do coronavírus. Reportagem do NY Times, do dia 31 de março, mostra que o Centro de Controle de Doenças norte-americano (CDC) considera essa hipótese, levando em conta que há muitos pacientes assintomáticos com coronavírus.
A lógica, portanto, não é a proteção individual – mas proteger os outros, usando uma máscara capaz de reter gotículas de saliva e fluido nasal.
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A grande preocupação das autoridades, ao estimular as máscaras, é aumentar ainda mais a demanda por equipamentos profissionais, e deixar trabalhadores da saúde, como como médicos e enfermeiros, sem eles.
No Brasil, o ministro Mandetta falou, na entrevista coletiva, sobre o uso da máscara como barreira física. Máscaras simples, de pano, feitas em casa.
Embora o ministro tenha anunciado que as dicas para o feitio das máscaras seriam divulgadas no site do Ministério, elas não estavam disponíveis até esta quinta-feira (2) à tarde. Em Santa Catarina, a Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica (Dive) aguarda o posicionamento do governo federal para definir eventuais mudanças de orientação no Estado.
Em entrevista à coluna, esta semana, o infectologista Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e professor da Santa Casa de São Paulo (SP), disse que não há como garantir a eficácia das máscaras feitas com pano comum:
– Do ponto de vista científico, não tem a mesma validação (que a máscara profissional). Não quer dizer que não funcionem, mas estudos mostram que protegem menos.
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