O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta segunda-feira (26) em entrevista ao jornalista Rodrigo Bocardi, na rádio CBN, que agiu no caso da apreensão recorde de madeira no Pará a pedido de parlamentares. Entre os citados por Salles estão o senador Jorginho Mello (PL) e a deputada federal Caroline de Toni (PSL).

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A interferência do ministro no caso resultou em uma notícia-crime contra ele, e na substituição do superintendente da Polícia Federal na Amazônia, delegado Alexandre Saraiva, que o acusou de agir para favorecer madeireiros.

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Salles afirmou, na entrevista, que Jorginho Mello e Caroline de Toni o teriam procurado em defesa de empresários de Santa Catarina que atuam no ramo de madeiras no Pará. 

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Além dos dois catarinenses, Salles citou outros três parlamentares, todos da região Norte do país: os senadores Telmário Mota (PROS-RR), Zequinha Marinho (PSC-PA) e Mecias de Jesus (Republicanos-RR).

Acompanhe o trecho em que os parlamentares são citados:

Bocardi – Ministro, o senhor avalia que é o caso de um ministro de Estado se envolver em questões desse tipo?

Salles – Bocardi, veja só, nós fomos procurados. Primeiro, pelo senador Jorginho Mello e pela deputada Caroline de Toni, poque eles são representantes do estado de Santa Catarina, e parte desses empresários que se acham prejudicados são de Santa Catarina mas estão há décadas no Pará. Depois fomos procurados pelo senador Telmario Mota, porque seus eleitores lá no estado de Roraima também foram objeto de fiscalização. Fomos procurados pelo senador Zequinha Marinho e Mecias de Jesus. Ou seja, estou falando de quatro senadores. 

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Salles diz que agiu por celeridade

O ministro argumentou que o pedido de intervenção teria partido dos parlamentares e de diferentes órgãos para que o processo fosse agilizado. Ele afirma que o delegado Alexandre Saraiva não respeitou o prazo de 120 dias de inquérito, nem ouviu todas as partes no decorrer do processo. Salles acusou Saraiva, na entrevista à CBN, de uma “narrativa mentirosa” e de “tentativa de criar um fato político”.

A deputada Caroline de Toni informou, por meio de sua assessoria, que sua manifestação sobre o caso foi feita na audiência pública da Comissão de Legislação Participativa em que o delegado Alexandre Saraiva foi ouvido, nesta segunda-feira.

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Em sua fala, a deputada afirmou ter intercedido por empresários de Santa Catarina porque, segundo ela, o delegado não abriu espaço para contraditório e ampla defesa na apreensão de madeiras.

– Tem pessoas no estado de Santa Catarina, ao qual eu pertenço, que têm propriedades no estado do Pará e que são honestas e corretas. E eu fui pedir se estava tudo certo mesmo e me apresentaram um rol, a lista e o procedimento. Vi que havia todos os protocolos – disse a deputada. 

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O senador Jorginho Mello confirmou à coluna que foi procurado por empresários catarinenses que afirmaram haver irregularidades na apreensão. Segundo o parlamentar, uma reunião foi realizada com o ministro Ricardo Salles, a pedido deles, no dia 25 de março. 

– Estava ocorrendo uma situação inusitada, estavam aprendendo madeiras com tudo legalizado, com plano de manejo. Pediram pra mim uma audiência com o ministro do meio ambiente. Não vieram pedir algo ilegal – afirma Jorginho.

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Ainda de acordo com o senador, a reunião contou com a participação de parlamentares e representantes do Ministério da Justiça, Polícia Federal, Incra, ICM Bio e procuradoria do Estado do Pará. Segundo Jorginho, nesse encontro o ministro disse que iria verificar in loco as acusações dos empresários. 

A visita do ministro ocorreu no início de abril. O senador diz que ele e a deputada Caroline de Toni não viajaram ao Pará com Ricardo Salles porque a data coincidiu com a vinda do presidente Jair Bolsonaro a Chapecó. 

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Delegado acusa ministro

Durante audiência na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira, o delegado Alexandre Saraiva voltou a afirmar que o ministro do Meio Ambiente legitimou a ação de madeireiros ilegais, em vez de apoiar as ações de fiscalização que ocorriam na Amazônia. Ele foi o responsável pela notícia-crime contra Ricardo Salles, que tramita no STF.

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