A Secretaria de Estado da Saúde emitiu nesta terça-feira (31) uma nota de alerta sobre o uso de máscaras de pano, de fabricação caseira, como proteção contra o coronavírus. O documento reitera uma recomendação que já havia sido feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O texto afirma que “máscaras de tecido não são recomendadas, sob qualquer circunstância”.
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O assunto veio à tona esta semana, depois que viralizou um vídeo que fala da experiência da República Tcheca no combate ao coronavírus, e defende o uso de máscaras caseiras. Com 3 mil casos confirmados de covid-19, o país do leste europeu tornou obrigatório o uso de máscaras para sair às ruas – medida também tomada na Eslováquia.
O vídeo afirma que as máscaras são uma parte do programa de prevenção, que inclui quarentena, distanciamento social e medidas de higiene. Faz parte de um movimento chamado #Masks4All, que incentiva a produção de máscaras em casa, com tecido comum. A campanha ganhou apoio do governo tcheco, e passou a rodar o mundo.
O infectologista Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e professor da Santa Casa de São Paulo (SP), diz que não há como garantir a eficácia das máscaras feitas com pano comum:
– Do ponto de vista científico, não tem a mesma validação (que a máscara profissional). Não quer dizer que não funcionem, mas estudos mostram que protegem menos.
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Máscaras cirúrgicas
O infectologista diz que o uso da máscara deve ser visto com muita cautela – mesmo quando se trata dos modelos profissionais. Embora reconheça que as máscaras cirúrgicas podem ter eficácia, se usadas corretamente, o médico chama atenção para a escassez de equipamentos para profissionais de saúde em todo o mundo, que se tornou um problema.
– Num mundo ideal, com todos usando, e de maneira correta, há expectativa de contenção (do vírus). Mas esse não é o cenário do mundo real, pela carência de máscaras e porque elas não são usadas da forma correta – diz.
O médico infectologista Osvaldo Vitorino Oliveira também é contra o uso indiscriminado de máscaras, caseiras ou profissionais, por considerar que elas fazem relaxar outras medidas de proteção.
– Vemos uma porção de gente usando, e é um absurdo porque estão faltando máscaras para quem precisa usar. Elas trazem uma falsa sensação de segurança. A pessoa acaba pensando que está protegida, e esquece das outras medidas – alerta.
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Oliveira diz, ainda, que o ar não é o principal meio de contágio.
– A transmissão pelo ar é insignificante. É um vírus pesado, que se deposita quase imediatamente nas superfícies. Por isso a principal medida a ser tomada é a higiene das mãos – diz.
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