Os investigadores deram lugar a motoristas e mecânicos. Uma grande operação foi montada, esta semana, para transportar 28 máquinas pesadas, duas embarcações e seis carros apreendidos na Operação Jóias do Oceano, deflagrada em julho pela Polícia Federal de Itajaí, que teve como alvo a lavagem de dinheiro obtido com o tráfico internacional de drogas por meio dos portos de Santa Catarina. A maior parte dos veículos está sendo levada de São Francisco do Sul a Criciúma, no depósito do leiloeiro oficial. Algumas peças, no entanto, têm o destino mantido sob sigilo por segurança, devido ao alto valor de mercado.

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O leilão pode ser a primeira venda "a jato" de materiais apreendidos do tráfico de drogas em Santa Catarina. Uma Medida Provisória, editada este ano pelo governo federal, permite que os leilões sejam agilizados em casos como esses. A aceleração evita a deterioração dos bens, o que era comum nos processos tradicionais, que exigiam longo período de retenção até que pudessem ser vendidos. Se o dono provar inocência, e for solto, a lei garante que receba o valor arrecadado com o leilão.

Arrecadação milionária

A expectativa da Polícia Federal é que o leilão possa alcançar R$ 2 milhões de arrecadação com a venda dos veículos e do maquinário, que era usado em uma empresa de logística portuária de São Francisco do Sul. O volume de apreensões da operação é bem maior, chega a R$ 75 milhões – mas a maior parte são imóveis, que têm tramitação mais demorada. O sequestro dos bens foi decretado pela 1ª Vara Federal de Itajaí.

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O leiloeiro oficial, Daniel Elias Garcia, disse que a operação para remover os veículos já demandou quatro dias de trabalho praticamente ininterrupto, das 5h da manhã às 10h da noite. Ele precisou contratar uma equipe especializada, porque o transporte de máquinas pesadas tem uma série de exigências específicas.

A maior delas, que pesa 65 toneladas, ainda não foi removida. O leiloeiro está em busca de uma transportadora que consiga levá-la em segurança até o destino final.

O leilão ainda não tem data marcada – depende de autorização do judiciário. Uma reunião está marcada para a próxima semana, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS), para discutir a venda antecipada em processos dos três estados do Sul do país.

Lavagem de dinheiro

A Operação Jóias do Oceano mirou na lavagem de dinheiro decorrente de crimes investigados em outra operação, a Oceano Branco, que foi deflagrada em 2017. A Polícia Federal calcula que, em dois anos, o grupo tenha enviado ao exterior 8 toneladas de drogas, principalmente à Europa, México e Estados Unidos.

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Alguns dos principais líderes foram presos, mas o dinheiro obtido, supostamente, de forma ilegal, continuava circulando.

Entre os 32 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Operação Jóias do Oceano, no dia 2 de julho, um dos alvos foi uma empresa do setor retroportuário – de apoio e armazenagem de cargas -, que era operada pelo grupo suspeito. Foram bloqueados tratores, retroescavadeiras, empilhadeiras, que estão entre os veículos transportados pela empresa de leilão.