Há uma máxima, do tempo da Roma antiga, que diz que à mulher de Cesar não basta ser honesta. É preciso parecer honesta. O cumprimento de mandados de busca e apreensão na Casa D´Agronômica, residência oficial do governador Carlos Moisés (PSL), estremece uma das principais bases de sua defesa – a de que se trata de um governo que desarmou esquemas de corrupção e trouxe economia aos cofres públicos.
Continua depois da publicidade
> MPF cumpre mandado na Casa D’Agronômica, residência oficial do governador de SC em Florianópolis
É importante dizer que os mandados são parte de uma investigação, e não imputam crime a ninguém até que se prove o contrário. Trata-se de busca por provas para esclarecer os fatos que estão narrados no inquérito da compra dos respiradores, e não há nada que indique, hoje, alguma culpa de Moisés nessa história. Mas, em um governo que está com o pé na cova, acuado por dois processos simultâneos de impeachment, tem jeito de xeque-mate.
> Upiara: Aumento dos procuradores tem o mesmo DNA de outros erros do governo Moisés
>Deposição de Dilma encorajou ‘onda’ de processos de impeachment contra governadores
Continua depois da publicidade
Especialmente pela dificuldade ímpar que o governo Moisés enfrenta em impor narrativas. Até hoje, não conseguiu explicar aos catarinenses, por exemplo, por que razão não deveria sofrer impeachment. Os movimentos em sua defesa são tardios e reativos, não agiram para mostrar algum suspiro de força política quando foi necessário. Agora, tudo indica que é tarde demais.
Para completar a maré de pouca sorte do governador, os mandados chegam no momento em que o governo está balançado por outra decisão judicial, do STF, que não deu seguimento à ação que questionou o rito de impeachment. São duas derrotas consecutivas na Justiça, para um governo que nunca teve base política para se ancorar.
Há dois efeitos imediatos dessa busca e apreensão, para além de um novo desgaste junto à opinião pública. O primeiro deles é o fortalecimento do processo de impeachment na Alesc. O segundo é que, ao menos por hora, ela afasta de Moisés a hipótese de renúncia, que chegou a ser levantada nos bastidores nas últimas semanas.
Deixar o comando sob a sombra desses mandados poderia soar, para os eleitores, como uma confissão de “culpa”. Independente do resultado que terá, o inquérito é um motivo para o governo sangrar até o fim. Que parece estar logo ali.
Continua depois da publicidade
Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz