Das mortes registradas em Santa Catarina nos primeiros 12 meses de pandemia, 2.863 poderiam ter sido evitadas. A conclusão é de um estudo conjunto e nacional, feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade de São Paulo (USP). No Brasil, o número de mortes evitáveis ultrapassa 120 mil.
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As informações levam em conta que, em meio a uma crise sanitária causada por um novo vírus, parte dos óbitos não teriam como ser contidos. Mas a redução da circulação do vírus, diminuição da transmissibilidade, rastreamento, testagem e suporte financeiro durante as medidas de distanciamento, teriam poupado milhares de vidas.
O levantamento cruzou dados de óbitos que constam no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), cartórios de registro civil, informações do IBGE, banco de dados para registro de óbitos e casos hospitalizados por síndromes respiratórias aguadas graves (Sivep-Gripe) e Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES). Com base nesses números, foi possível calcular qual o excesso de mortes em cada estado brasileiro, e quantos desses óbitos poderiam ter sido evitados com enfrentamento correto da pandemia.
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Em Santa Catarina, o estudo apontou 7.158 mortes em excesso no primeiro ano de pandemia. O número diz respeito à quantidade de óbitos acima da média dos anos anteriores. O levantamento explica que não se tratam, apenas, de mortes por Covid-19 – lembora avalie que há subnotificação no país. Mas também inclui óbitos causados por outras doenças, que tiveram o diagnóstico atrasado ou falta de atendimento adequado devido à superlotação do sistema de saúde.
Em todo o país, o estudo aponta 305 mil mortes em excesso entre março de 2020 e março de 2021. O levantamento, que foi acompanhado por instituições como a Anistia Internacional e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), indica que o país falhou no combate à pandemia em diferentes aspectos – especialmente na prevenção.
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Dois estudos, publicados nas revistas Nature e Science, foram utilizados como base para afirmar que medidas restritivas bem organizadas poderiam ter efeito na redução de casos de Covid-19, internações e óbitos. Mas essa não é a única falha apontada na política nacional de enfrentamento à pandemia pelos pesquisadores. A desorganização também colaborou para o excesso de óbitos, de acordo com o levantamento:
“Ações de organização da assistência à saúde na atenção básica, incluindo vigilância epidemiológica, e nos cuidados hospitalares, incluindo profissionais, leitos e equipamentos de UTI, poderiam contribuir para uma redução ainda maior dos óbitos em excesso”.
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A pesquisa também aponta o atraso no programa nacional de imunização e a falta de vacinas como agravantes do quadro da pandemia no Brasil. Por fim, chama atenção para o fato de, mais de um ano depois, o país continuar insistindo em estratégias equivocadas:
“Mais de um ano e três meses depois do registro do primeiro caso de Covid-19 no país, as falhas no enfrentamento da pandemia não foram revistas ou corrigidas enquanto seguimos com escassez de vacinas. Ao invés de recomendações para a ampliação de medidas de proteção populacional e individual, conforme preconizado pela comunidade científica e agências internacionais, prevaleceram ataques à ciência e às experiências históricas de enfrentamento de epidemias”, alerta o estudo.
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