Presidente eleito, Lula (PT) não é ainda chefe de estado. Mas foi recebido como “rockstar” na COP 27, em Sharm el-Sheikh, no Egito. A comparação foi feita pela agência de notícias norte-americana Bloomberg. A imprensa internacional registrou que Lula atraiu mais atenção do que Joe Biden na Cúpula do Clima. E correspondeu às expectativas.
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Com um discurso desenhado para tal – mas com algum improviso – Lula deu uma guinada no isolamento que marcou a política externa do governo Bolsonaro (PL). Disse o que se esperava do futuro presidente brasileiro, que a preservação da Amazônia e a proteção dos povos originários serão prioridade no novo governo. Mas cobrou dos países ricos os recursos necessários para que meio ambiente e justiça social caminhem juntos.
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O próprio PT tem uma lição de casa a fazer quando se trata de política ambiental. Ao mesmo tempo em que os governos petistas avançaram no monitoramento e no combate aos desmatamentos e ao garimpo ilegal, também foram adeptos de uma política desenvolvimentista, que é considerada ultrapassada. Lula precisa ouvir o que tem a dizer Marina Silva – e parece que está genuinamente disposto a isso. A presença de Marina ao lado de Lula na COP 27 é um sinal auspicioso.
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A moeda do futuro é verde, e o Brasil tem um imenso ativo a administrar. Uma riqueza extraordinária, que pode ajudar o país a crescer com justiça ambiental e social. Em tempos de emergência climática, nada é mais simbólico do que o país resgatar o protagonismo que sempre teve na área ambiental, e que foi soterrado pelo bolsonarismo. O mundo respira aliviado com a guinada do Brasil.
Vale dizer, no entanto, que Lula atravessou a rua para pisar numa casca de banana ao decidir viajar para a COP 27 de carona no jatinho de um empresário que foi alvo da Lava Jato. O presidente eleito precisará rever as práticas antigas para se ajustar ao novo momento. Num mundo que passa por uma emergência climátiva global e enxerga o Brasil como salvaguarda, num país rachado ao meio e onde o golpismo anda à espreita, Lula não tem o direito de errar.