O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, na abertura da primeira reunião com reitores de universidades e institutos federais do novo governo, em Brasília. Lula lamentou que a homenagem ocorra cinco anos e quatro meses após a morte de Cancellier.
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A Operação Ouvidos Moucos, que levou o reitor à prisão e motivou sua morte, apurava um suposto “desvio de R$ 80 milhões” – valor que mais tarde se mostrou descabido. As suspeitas que recaíam sobre Cancellier eram de obstruir as investigações. Nos relatos que fez aos amigos mais próximos sobre as horas que passou na prisão, ele contou que foi algemado, interrogado, despido. Um dia e meio depois, deixou a prisão proibido de colocar os pés na universidade e com o destino selado para sempre. Lula chamou o caso de “aberração” na conversa com os reitores, e foi apludido.
O jornalismo falhou no caso que levou à morte trágica o reitor Cancellier
-Faz cinco anos e quatro meses que esse homem se matou pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas, que condenaram as pessoas antes de investigar e de julgar – disse o presidente.
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– Esteja onde estiver, pode ficar certo de que aqui tem muita gente disposta a dar sequência ao trabalho que você fazia e às ideias (em) que você acreditava. Você morreu, mas suas ideias continuam vivas. Nós haveremos de recuperá-las e trabalhar para que nunca mais aconteça o que aconteceu – completou.
A prisão de Cancellier e os cinco anos de uma injustiça em SC
O presidente também comentou sobre a homenagem nas redes sociais:
“Hoje, há 5 anos e 4 meses, o reitor Luiz Carlos Cancellier se suicidou. E não fizemos nem um ato de despedida, de homenagem, porque há muito tempo não se reúnem os reitores no Brasil. Por isso, queria lembrar hoje de sua memória. Suas ideias seguem vivas”.
Durante o encontro, Lula disse aos reitores que as universidades conviveram com o “obscurantismo” ao longo do governo Bolsonaro e prometeu manter a autonomia universitária. Uma das principais demandas das universidades e institutos federais é a recomposição de orçamento. A maioria das instituições começou o ano com as contas “no vermelho”.