Ficou evidente a falta de diálogo entre o Estado e o governo federal para buscar uma solução conjunta para Santa Catarina durante a reunião dos prefeitos com o ministro Waldez Góes, no sábado (26). O governador Jorginho Mello (PL) e o presidente nacional do Sebrae, Décio Lima, falando em nome do governo Lula, protagonizaram ao vivo uma queda de braços que já vinha ocorrendo nas redes sociais.
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Na tragédia polarizada de SC, o Governo do Estado não abre mão de marcar posição no bolsonarismo – mesmo fora de hora. Jorginho não pediu audiência com o presidente Lula. Mas levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para sobrevoar áreas afetadas em outubro.
Por outro lado, o presidente da República está encastelado em Brasília, mandando recados para Santa Catarina por meio de interlocutores, sem falar diretamente com os catarinenses. A própria base do governo em SC tem informações confusas sobre o socorro ao Estado.
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A equipe de Lula diz que ele não tem autorização médica para viajar de avião desde a cirurgia que fez no quadril. Mas, diante da gravidade das cheias, o presidente poderia ter enviado o vice, Geraldo Alckmin (PSB), ou mesmo a primeira-dama, Janja, que em setembro foi ao Rio Grande do Sul levando a solidariedade do governo.
As comparações com a ajuda de Brasília ao Estado vizinho são recorrentes. Uma das mais contundentes vem do agro: o governo suspendeu os juros da dívida agrícola para os gaúchos. A mesma medida não foi tomada de imediato em relação aos agricultores catarinenses. Isso alimenta as reclamações do governo do Estado, de que o governo federal tem tratado de forma diferente Santa Catarina e o Rio Grande do Sul.
O sentimento de que o governo Lula está falhando na resposta às cheias em SC reverberou na semana passada na reunião entre prefeitos na Federação Catarinense de Municípios (Fecam). Também houve críticas à velocidade de resposta do Governo do Estado. Nenhum lado foi poupado.
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A queda de braços faz SC perder um tempo precioso. Para os milhares de catarinenses afetados pelas cheias, não importa de onde virá a ajuda – desde que ela chegue, e o mais rápido possível.