Com um tom mais ameno do que a estridência das redes sociais, Lula e Bolsonaro repetiram no primeiro debate do segundo turno boa parte dos temas que têm pautado as eleições até aqui, sem novidades. E sem propostas, o que é outra marca destas eleições. O embate foi produzido em parceria pela Folha, Uol, Band e TV Cultura.
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Lula teve seu melhor momento no início, quando encurralou Bolsonaro com a pandemia. Mas esqueceu de trazer para o debate o que seria, provavelmente, seu maior trunfo em busca do eleitor indeciso – os apoios que tem recebido, a frente ampla. Nomes como os de Simone Tebet e João Amoêdo sequer foram lembrados.
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Lula também desperdiçou armas que tinha na mão, como as denúncias que envolvem a compra de imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro. E se mostrou nervoso e impaciente quando foi confrontado pelo presidente da República com o tema Lava Jato – foi seu pior momento no debate, e o fez perder o rumo.
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Já Bolsonaro conseguiu manter o tom ameno durante todo o debate e não saiu com nenhum dano colateral – diferente do que ocorreu no primeiro turno, com o ataque a Vera Magalhães. Teve uma grande vantagem no terceiro bloco ao trazer o tema Petrobras, enredar Lula, e fazer com que se perdesse nas explicações – e no cronômetro.
Com a manobra, Bolsonaro conseguiu ficar com pouco mais de cinco minutos para falar “sozinho”, sem contraponto. Mas usou mal o tempo extra, apelando para os assuntos de sempre – Nicarágua, Venezuela, Argentina. Falou para os convertidos, quando poderia ter acenado para as mulheres ou para os eleitores moderados, que precisa conquistar. Desperdiçou a vantagem.
O saldo da noite foi zero a zero. Numa disputa apertada, em que cada voto conta, nenhum dos dois parece ter conseguido estourar a própria bolha.