O último embate entre Lula e Bolsonaro antes do segundo turno, na Globo, não fugiu do roteiro de 2022. Um MMA entre os dois candidatos à presidência da República, em que vale quase tudo para desestabilizar o adversário. Debate, com propostas de verdade – convenhamos – ninguém viu.

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É o último ato de uma campanha fora do tom, que descambou de vez no segundo turno. Os grandes temas nacionais nas últimas semanas foram maçonaria, fechamento de igrejas, canibalismo, satanismo, pedofilia.

Apesar disso, a economia – o que realmente importa para os mais de 200 milhões de brasileiros que seguirão a vida após 1º de janeiro de 2023 – foi o assunto de destaque neste último encontro. Prova de que não foi o episódio Roberto Jefferson e nem o “pintou o clima” o que causou mais prejuízos à campanha de Bolsonaro neste segundo turno, mas o suposto sincericídio do ministro Paulo Guedes sobre a desindexação do salário mínimo.

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A decisão da campanha de Bolsonaro de trazer a economia para o debate deixou Lula mais à vontade – era o assunto escolhido pelo PT para pautar estas eleições – e trouxe equilíbrio ao embate final. Não se viram grandes erros de desperdício de tempo ou escorregões nas tentativas de explicação desta vez por parte do petista.

Bolsonaro, por sua vez, usou o tema para um anúncio importante, de aumento real do salário mínimo em 2023 – será o primeiro de seu governo, se for confirmado. Mas aproveitou mal a carta na manga, com pouca solenidade ao tema. Talvez porque não tenha como explicar de onde viria o recurso.

Mas o tom do debate foi o das acusações. E essa estratégia, de um lado e de outro, serviu apenas para animar as respectivas torcidas às vésperas da votação. Foi um debate para convertidos. 

Nem Lula, nem Bolsonaro, conseguiram acenar minimamente para o eleitor indeciso – cerca de 7% do eleitorado que pode influenciar no resultado deste domingo. No saldo do embate de sexta-feira, ambos saíram arranhados e aplaudidos. Mas dificilmente ganharam algum novo voto.

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