A prefeitura de Itajaí mandou suspender nesta sexta-feira (14) a live ‘Roda Bixa’, que marcaria a estreia da série ‘Criança Viada Show’, parte do projeto cultural Ações para Reexistir. O conteúdo, que não tem temática infantil, discutiria memória e representatividade LGBTQIA+ entre adultos. O nome faz referência a uma antiga página de compartihamento de fotos nas redes sociais.

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Em uma nota emitida no início da noite, o gabinete do prefeito Volnei Morastoni (MDB) informa que tomou a decisão porque o projeto poderia “confrontar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)” pelo uso do termo ‘criança viada’.

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As medidas que foram tomadas pela prefeitura não se restringem à censura: como a proposta foi contemplada com financiamento pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, os membros do comitê que seleciona os projetos culturais foi destituído. A nota informa que será aberto um procedimento administrativo para “apurar os fatos”, e que o assunto foi remetido à Procuradoria do Município e ao Ministério Público.

Organização foi surpreendida

A decisão da prefeitura de censurar a estreia pegou de surpresa a organização do evento. O projeto foi criado pelo artista e produtor cultural Daniel Olivetto. Primeira ação do projeto “Ações para Reexistir – Pesquisa e Criação Interdisciplinar”, a proposta da série “Criança Viada Show” é uma série de vídeos e podcast para discutir de forma divertida e sensível traumas de infância e resistência LGBTQIA+.

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– Tenho a memória de um artista homossexual, que hoje discute essas questões justamente porque tem uma profunda preocupação com essas crianças, que são mortas por seus pais, por seus parentes por terem trejeitos homossexuais – disse o artista.

Olivetto se sentiu incomodado com a maneira como a proposta foi entendida pela prefeitura:

– Sabemos que estamos falando de um conceito bastante distorcido. Não somos ingênuos, estudamos a questão durante muitos anos. O termo criança viada surgiu de brincadeira virtual que ganhou distorções muito severas – completou.

Sucesso e polêmica

O termo ‘Criança Viada’ vem de uma página no aplicativo Tumblr, criada em 2012 pelo jornalista Iran de Jesus Giusti. Gay, ele publicava ali fotos divertidas da própria infância e de seus amigos. A página alcançou milhares de seguidores e foi um grande sucesso – tanto, que inspirou manifestações artísticas como uma série de pinturas assinadas pela artista plástica Bia Leite, que integrou a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”. A mostra foi alvo de censura em Porto Alegre, no ano passado.

– Não é o primeiro caso de censura no Brasil sobre esse termo, em que se tenta criar um alarde em cima de um termo distorcido. Vivemos no país que mata homossexuais, em que crianças morrem por seus trejeitos afeminados. Sabemos muito bem do que estamos falando. Prestamos todas as informações (à prefeitura), qualquer pessoa que quisesse saber mais sobre o projeto, saberia – afirma Olivetto.

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